domingo, 22 de agosto de 2010

Sobre escovas de dentes

Logo no começo do meu namoro com o Gui, eu estava escovando os dentes em casa quando ele olha pra minha escova de dentes e comenta que aquela escova não era nada anatômica e que eu deveria comprar outro tipo de escova de dentes, muito melhor.
Eu acatei a sugestão e disse que compraria outra escova assim que aquela gastasse e que a outra que eu tinha guardada (sempre compro aqueles pacotinhos de 3, sabem?) também gastasse.
Pouco tempo depois, o Gui me aparece com a escova de dentes anatômica de presente, sugerindo que aquela que estava lá guardada no armário poderia ficar sendo a escova dele.
Foi o golpe da escova de dentes!
E lá ficou, no pote de escova de dentes, a minha escova anatômica, ao lado da escova dele.
Desde aquele dia, nossas escovas de dentes passaram a dividir o pote. Ou melhor, duas escovas de dentes para cada um e dois potes; um na minha casa e outro na dele.
Um ano se passou e então decidimos que queríamos mesmo, além de juntar as escovas de dentes no mesmo pote, juntar os potes de escovas de dentes.
E isso faz uns dois meses.
Aí, na semana passada, o Gui me aparece escovando os dentes com uma escova cor de rosa. Estranhei. Não porque ele estava usando uma escova cor de rosa, afinal ele não tem nada desse lance machista de "homem não usa rosa" e isso eu adoro; mas estranhei porque tinha a impressão de que a escova era minha, daquelas da embalagem de 3 que eu sempre compro.
Ao perguntar se aquela escova não era minha, a resposta: "Amor, não tem meu e seu; aqui em casa, é tudo nosso".
"Ops!". Acho que depois de dois meses caiu a ficha do que é ter uma casa em que tudo é nosso.
Pequeno momento de pânico.
...
Mas depois lembrei de que minha biblioteca de livros de sociologia ganhou um enorme aporte, que agora tenho muitos e muitos discos de vinil à disposição para eu ouvir na hora em que quiser, que a geladeira sempre anda cheia de coisas que ele cozinhou, enfim, várias coisas.
Aí, fiquei contente de saber que tudo é nosso.
Contente de saber que a casa é nossa.
E fiquei tranquila ao constatar que dividir as coisas é a parte mais simples de dividir a vida.
E que é uma delícia dividir a vida com ele.
Delícia!