domingo, 10 de abril de 2011

Sobre a fase infernal

Eu chutei o peso de porta e, na sequência, a porta.
E o meu dedão do pé direito não aguentou o tranco e se quebrou.
Bacana, né?

E ontem enquanto tomava um banho com o pé para cima enrolado no saco plástico, eu descobri a causa. Ou melhor, eu me lembrei dela.
É impressionante!
Todo ano a mesma coisa.
Ele chega.
Sempre ele!

...

Oi, Inferno Astral, como um ano passa rápido, não é mesmo?
Devo dizer que não estava com a menor saudade da sua presença na minha vida.
Mas, ok, já que você está por aqui, entre, fique à vontade, e vamos fazer esse mês passar bem rápido, tá bem?
 
...

E São Longuinho, meu querido, dadas as circunstâncias, eu vou demorar um pouquinho para pagar os 850 pulinhos faltantes, ok???

terça-feira, 5 de abril de 2011

Sobre milhas aéreas

Até que eu viajo bastante e coleciono muitas milhas. Mas há alguém muito próximo de mim que anda viajado mais. Além do meu pai, que sempre foi assim, agora, na minha "família", minha mala também está colecionando mais milhas do que eu.

Nessa missão, estou novamente em Montréal, vindo da Guatemala, com conexão em Miami (outra vez).
Cheguei na quinta à tarde. E minha mala?
Ela não chegou junto comigo.
Como havia outras pessoas do meu voo na mesma situação e como o aeroporto de Miami - que já não é lá um lugar muito organizado - estava bem confuso por conta do tornado na Flórida, eu assumi que minha mala, assim como a de outros passageiros, ficou perdida por lá, e que ela chegaria no próximo voo, ainda naquela noite.
Estando eu num hotel em Montréal, a super simpática atendente da AA (super simpática foi irônico, tá?) me garantiu que eles me entregariam minha mala ainda naquela madrugada.
Ok, né? Fazer o quê...
Tudo isso depois de passar bastante tempo no aeroporto, cuidando da burocracia necessária para ter minha mala de volta.
Fui pro hotel. 
Dei um up no visual com o que eu tinha na nécessaire da bolsa (e que não era muita coisa, vez que hoje em dia existe a possibilidade de se explodir um avião com um líquido ou gel carregado dentro de um vidro de shampoo ou desodorante) e fui jantar com a Paula.
Ainda bem que o lugar era sussa - os canadenses são sussa, em geral - e eu pude ir jantar com minha calça jeans surradinha que usava na viagem.
Voltei para o hotel, tomei um banho com os produtos disponíveis no banheiro, que normalmente eu não uso porque eu sou fresca (admito), e fui dormir, com a esperança de ser acordada no meio da noite com a chegada de minha mala.
Deixei recado na recepção de que eu queria receber minha mala a qualquer hora em que ela chegasse. 
Dormi por uma hora e acordei, calculando que, pelo horário, a mala já deveria estar lá. Mas como ninguém tinha me ligado, tinha que esperar mais. Dormi mais uma hora e nada. Uma outra hora e nada. Passei a noite acordando de hora em hora e nada da minha mala.
Como já era 06h00 e nada da minha mala aparecer, liguei para o telefone indicado pela cia aérea. Falei com uma máquina muito eficiente. Conversamos por vários passos. Ou melhor, ela me fez várias perguntas e eu fui respondendo.
Até que chegou o veredicto: "your bag has not yet been found....". E que eles me contatariam assim que tivessem mais notícias.
Ahhhh! Como assim não foi achada?!?! Teclei todas as opções com a esperança de que alguém me atendesse para eu poder reclamar e xingar a pessoa, mas o atendimento é todo feito pela gravação, que ficou impassível diante dos meus xingamentos.
Ok, então, vamos esperar mais.
Mas eu tinha que trabalhar.
E lá me fui. De calça jeans surrada, botas esportivas, muito bem vestida para viajar.
Passei o dia trabalhando vestida assim e explicando para as pessoas que a AA tinha perdido minha mala e que por isso que eu estava daquele jeito bem sem jeito.
E passei o dia consultando o site da AA para ver o status da minha delayed baggage.
E ela passou o dia todo sem ser encontrada.
Os pensamentos do dia (quando eu não estava concentrada em algo) eram: "Em que lugar do mundo minha mala estará?" "Será que algum dia eu vou tê-la de volta?" e lista mental de todas as roupas queridas que estavam dentro dela e que corria o risco de eu nunca mais ver.
Saí do escritório, direto para a Rue Saint-Catherine para fazer compras.
Detalhe, eu até gosto de fazer compras, mas comprar roupas por pura necessidade, estando cansada e frustrada, não é um programa muito agradável. Não é nada agradável.
La Baie para calcinha e meia. GAP para calça jeans e blusa. ZARA para malha e um cachecol.
Farmácia para shampoo, condicionador, hidratante, sabonete de rosto, adstringente, colírio (coisas sem as quais eu não vivo...)
E ainda bem que é fim de semana!
Jantar e hotel.
No site: ainda nada.
Mais uma noite mega mal dormida, pensei.
Dormi um pouco e despertei às 03h00, pensando na mala.
Peguei o telefone no criado-mudo, entrei no site da AA, hopeless. Acharam!
Felicidade sem fim!!! Acharam!!!
Liguei pro Guiba. Acharam!!!
E para minha mãe: acharam!!!
Eu sei, eram 4 da manhã no Brasil, mas minha família foi super compreensiva, tá?
Depois de controlada a euforia, dormi de novo, profundamente.
Por duas horas.
Às 05h00, toca meu telefone. Era a moça da recepção se desculpando por me acordar, mas como havia um recado de que eu queria ser informada sobre a chegada da minha mala a qualquer hora que fosse, ela estava me ligando porque a cia aérea tinha acabado de deixar minha mala lá.
Felicidade sem fim, parte 2.
Coloquei o roupão (ainda bem que o hotel era muito fino! BTW, tinha uma máquina de Nespresso no quarto que eu queria muito levar para casa) e me preparei psicologicamente para a alegria de ver minha mala de volta e me controlar para não ir abraçá-la (a mala) na frente da moça da recepção.
A moça bate na porta, eu abro com cara de feliz e ali está ela com uma mala azul - que não era minha.
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!
Eu não gritei.
Eu só disse que aquela não era a minha mala.
Mas eu devo ter feito uma cara tãããããão triste, que a moça (que era canadense, e os canadenses não são pessoas de demonstrarem sentimentos assim gratuitamente) ficou com tanta pena de mim que quase se ofereceu para entrar e me fazer um chazinho de camomila.
Ela se ofereceu para tentar resolver o problema.
Acho que ela se sentiu um pouco culpada por não ter olhado na etiqueta e visto o nome do dono da mala, antes de deixar o entregador largá-la na recepção.
Naquele momento, o pensamento positivo era: "eles só fizeram uma confusão na hora de entregar e daqui a pouquinho eles virão aqui destrocar as malas".
Resto da noite (seria da manhã, né?) rolando na cama e acordando de hora em hora.
De manhã, a mala azul parada em pé na recepção e o hotel todo solidário com a minha causa.
A informação da moça da recepção que estava ali naquele momento era que a AA iria lá para retirar a mala azul e entregar a minha mala em algum momento. E não necessariamente no mesmo momento.
Quase que eu disse para ela que se eles não trouxessem a minha mala, ela não poderia deixá-los retirar a mala azul, porque eu ficaria com ela como refém. Mas eu não disse isso; eu me comportei.
Fui tomar café-da-manhã e programar meu dia, hopeless.
Quando eu voltava para o quarto, passei pela recepção e dei uma olhadela, hopeless again.
Mas ali estava ela. Paradinha, em pé, no lugar da mala azul.
A minha mala!!!!!
Eu quase corri para abraçá-la. Meus olhos se encheram de lágrimas. Mas eu me contive.
Ok, eu não me contive tanto assim, eu falei para a moça da recepção que eu queria abraçar minha mala.
Mas ela super compreendeu.

E então foi isso. Ela voltou para mim.
Inteirinha, intacta, da mesma forma como eu a tinha deixado no aeroporto de Miami.
Mas... sem nenhuma explicação.
Nenhuma cartinha ou bilhetinho dizendo por onde ela passou, por quais aeroportos, nas mãos de quem ela esteve, quantas milhas ela acumulou.
Nada.
Nenhuma informação.

Depois de tudo isso, eu merecia mais consideração, né?

E eu ainda devo mil pulinhos para São Longuinho.
1.000!
Mas como bem lembrou a Carla, ele sabe que eu pago.
Em prestações, mas eu pago!