quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Sobre as crianças e os diálogos

Eu tenho uma relação incrível com as crianças. Adoro!

Se elas são pequeninas, eu brinco com elas horrores, até me acabar e sair descabelada, suja e exausta, como os sobrinhos do Gui bem podem provar.
E se elas já são mais grandinhas, além de brincar, eu engato nos papos mais incríveis, como esses que vou narrar agora.

Passamos férias em Pernambuco e uma de nossas paradas foi Tamandaré, que fica ao lado da paradisíaca Praia de Carneiros e que é, vamos dizer, um paraíso assim mais popular.
E na piscina da pousada, em que eu me jogava à noite na volta da praia enquanto esperava o Gui tomar banho no quarto, eu conheci umas meninas en-gra-ça-dís-si-mas.
E a gente jogava bola e conversava e conversava e conversava tanto que eu até esquecia que tinha que tomar banho e o Gui quase tinha que ir lá me resgatar.
Eram a Rebeca, com seus 12 anos, a Larissa, com 11, a Emily, com 6, e outras meninas que não são tão protagonistas da história. E elas gostavam tanto de mim que toda vez que eu as via (e elas sempre, sempre, estavam na piscina), elas soltavam um “Mariiina, tu num vem banhar, não???”, no sotaque mais delicioso do mundo.
Pois bem.

Eu, chegando da praia
Larisa: “Mariiiiina, tu não vai banhar, não?”
Marina: “Vou, sim, tô subindo pra isso.”
Larissa: “Não, banhar aqui com a gente”
Aí, eu fui.

Outro:


Larissa: “Mariiiina, o que Guilherme faz?”
eu: “é professor”
Larissa: “professor de quê?”
eu: “de Economia”
Emily: “e o que é isso?”
Larissa: “ele ensina as pessoas a economizar, essas coisas...”
E eu me acabei de rir e depois ainda fiquei tentando formular uma resposta para explicar o que é Economia.

Mais um, enquanto eles jogavam vôlei na piscina e a Larissa (que a gente apelidou de Felícia, por ser assim um tanto sem noção), jogava e esperava uma levantada qualquer para cortar a bola com toda a força, na nossa cara...:

Larissa: “Guilhééérme, tu acha que eu jogo bem?”
Gui: “Acho. Acho que você deve investir nisso”
Larissa: “Então, tá bom. Pode jogar que eu vou cortar”
E aí, ela nem se esforçava para jogar mais, era só a bola chegar nela que ela cortava com tudo.

E outro mais:


Elas comentaram algo sobre a novela e eu não entendi.
Larissa: “você não vê a novela X, não?”
eu: “não, nunca vi”
Larissa: “e a novela Y, vê?”
eu: “também nunca vi”
Larissa: “você não vê novela nenhuma, é?”
eu: “eu não. Eu não vejo TV”
Larissa: “não tem TV em São Paulo, é?!?!?!”
eu: “tem TV, eu tenho TV, mas não vejo”
Larissa: “não vê TV... mas o que você faz???”
eu: “ah, outras coisas, leio livro, uso o computador...”
Larissa, super intrigada, dá uma olhada pro lado, uma pensada: “tem TV só pra Guilherme, é?”
E eu morro de rir.


E sobre São Paulo:

Larissa: “meu sonho é ir pra São Paulo pra ir na Globo”
eu: “aonde?”
Larissa: “na Globo, sabe nos estúdios das novelas? Você conhece a Globo?”
eu: “conheço”
Larissa: “já entrou lá, é?”
eu: “ah, não. Só passei em frente”
Larissa: “meu sonho é ir lá. É tão liiiindo...”
eu: “mas tem tanta coisa legal pra fazer em São Paulo... Coisas mais legais do que a Globo, tipo museu, teatro, cinema, parques...”
Larissa, pensativa: “é. Tudo isso também, mas eu quero ir na Globo”


E no dia do show da Ivete Sangalo (esse dia merece um post à parte, que um dia eu publico aqui; por enquanto, fica o diálogo):

A gente desce do quarto, depois de termos fingido que não as ouvimos batendo na nossa porta.
Rebeca: “Vocês não vão no show de Ivete, não?”
eu e Gui, como uma cara de eca: “não, a gente não gosta da Ivete”
Rebeca: “não gostam de Ivete?!?! Ela tá tãããão linda, de vermelho... Vocês não tavam vendo lá do quarto de vocês, não?”
(não dava pra ver, mas era como se a Ivete estivesse cantando aos berros dentro do nosso banheiro)
eu e Gui: “Não, não dá pra ver de lá”
Rebeca: “daqui dá pra ver, é só subir ali naquelas cadeiras”
eu e Gui: “mas a gente vai sair pra comer”
Rebeca: “dá pra ver tudo daqui, a gente viu uma mulher que desmaiou”
Larissa: “É, a gordinha diiirrrrmaiou quando viu Ivete (e imitou a gordinha saindo carregada)
E eu e o Gui caímos na gargalhada.

E da nossa amizade surgida na piscina, a gente virou uma referência de mundo adulto e de São Paulo para elas. Massss, um pouco fora do padrão, né?
E o Gui passou o resto da viagem rindo dessas histórias e dizendo que a gente abalou todos os paradigmas dessas meninas.
Coitadas...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Sobre o ano que passou

2009 foi um ano e tanto.

Começou com a explosão dos fogos, que eu narrei aqui, e desde aquele momento, eu e a Ester tínhamos dito que 2009 teria o lema “de tédio não”, sinalizando que, em 2009, de tédio, a gente não morreria.
E, de fato, o ano não foi nada entediante. Nada, nada.
Foi mesmo uma loucura!

Começou explodindo. E eu voltei do réveillon com mil angústias para resolver por aqui. Tudo meio de ponta cabeça.
E logo, as mudanças.
E as grandes mudanças quase me deixaram doida. De ponta cabeça.
Mas mudar é bom e depois que se muda, a sensação é de um mundo novo que se abre.
E foi se abrindo.
E eu fui aprendendo.

E, aos poucos, fui resolvendo as coisas que precisavam ser resolvidas, não todas ao mesmo tempo, mas cada uma a seu tempo.


E no meio do ano, virou tudo de ponta cabeça de novo com as notícias que chegaram. Com quem chegou por aqui. E com as decisões.
Aí, algumas se resolveram. Outras ficaram por resolver.
E ficam as dores do que não se resolveu.

E aí, trabalho, trabalho, trabalho, e quando eu vi já tinha trânsito na Paulista para ver luzes de natal.
E eu me dei conta de que o ano passou e um milhão de coisas aconteceram e que o tempo passou rápido demais e que eu precisaria de pelo menos mais um mês para conseguir fechar tudo que precisava ser fechado.
Mas eu não tinha mais um mês em 2009...
E no fim do ano, quando está tudo corrido, insano, vem mais uma notícia pra deixar tudo de ponta cabeça. De novo.

Enfim.
2009 foi um ano muito intenso.
De muitas viagens.
De muita responsabilidade.
De muitas confusões.
De muito aprendizado.
De muito, muito trabalho.

E de 2009, eu levo muita coisa boa e duas tristezas.
E o desejo de resolvê-las em 2010.

E 2010 começa com muito trabalho, algumas pendências, mil planos e o ânimo do começo do ano, que já faz toda a diferença.

Conversando com a Ester no fim do ano passado, ela disse que para 2010 o lema tem que ser “eu quero a sorte de um amor tranquilo”. E eu comprei a ideia-força do lema.
E assim vai ser 2010.
O ano do amor tranquilo.
Ou pelo menos é assim que eu quero que seja...

Bom, até agora, estou no caminho certo porque foi assim que começou.
Com o pé no mar, deixando ir 2009 e chegar 2010, com as ondas que vão e vêm.
Tranquilamente, de mãos dadas em Pernambuco.

Feliz ano novo!