segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sobre a minha primeira vez

Posso contar uma coisa bem pessoal?
Posso, claro, né?, o blog é meu.

Hoje, nesse dia 31/10/2011, faz exatamente 18 anos da primeira vez em que fiquei menstruada.

Eu fui contar sobre a maioridade da minha menarca para o Guiba. E ele não achou nada demais nisso e ainda me perguntou porque eu, que não tenho memória para nada, lembro desse dia.
Pois bem, eu lembro desse dia. E vim aqui para contar.

Lembro porque era Halloween, agora Dia do Saci nas terras brasileiras.
E era um feriadão de calor por aqui.
Lembro que no prédio para o qual eu tinha me mudado pouco tempo antes, o antigo zelador deixara seus móveis no salão de jogos que ainda não tinha jogos.
Sofá, colchão, cadeiras, o cenário ideal para... olimpíadas.
E nós, a molecada do prédio, estávamos lá, brincando de olimpíadas com os móveis do cara.
Como vocês devem ter sido capazes de imaginar, olimpíadas consistia em fazer atividades de pular o sofá e cair no colchão, de diferentes maneiras, dar cambalhotas e estrelas e se estatelar no colchão, fazer obstáculos com os móveis, enfim, uma infinidade de possibilidades.
Bom lembrar que àquela época não existiam câmeras nos prédios que rapidamente denunciariam as nossas peripécias olímpicas.
Enfim, éramos crianças felizes, ativas e não vigiadas por vídeo-monitoramento.

Mas não é que justo naquele dia em que a brincadeira era a manobra radical eu deixei de ser criança e virei mocinha?!?!

Eu me senti meio estranha, com uma sensação estranha, na verdade, e subi em casa para fazer xixi.
Ao me ver ali, com aquele sujinho na calcinha, chamei minha mãe.
E minha mãe, que pode render vários posts por si só, teve aquela atitude típica (?) de mãe.
Achou incrível minha primeira menstruação e foi toda feliz me abraçar enquanto eu estava sentadinha na privada com cara de não estou nada feliz com esse momento.
E trouxe o absorvente.
Dicas práticas sobre como usar / quando trocar, enfim a etiqueta do absorvente, e lá fui eu de absorvente no meio das pernas voltar para a olimpíada.
Vale lembrar que à época o Intimus Gel ainda não tinha revolucionado o conceito de absorvente, a gente chamava absorvente de modess e o troço dava a sensação de que você estava usando uma tábua de passar no meio da pernas.
Preciso dizer que não consegui mais me sentir uma atleta olímpica com habilidade e desenvoltura de movimentos???
E como toda pré-adolescente, eu não poderia imaginar vergonha maior naquele momento do que se os meus colegas atletas olimpícos descobrissem a minha condição.
Disse que estava com dor de barriga.
E passei o resto do dia em casa me sentindo a ex-criança mais infeliz da face da terra.

Mas era noite de Halloween e nós tínhamos programado fazer um "doces ou travessuras" pelo prédio todo.
Aí, lá fui eu, me sentindo super desajeitada, de porta em porta, junto com meus colegas bruxas e zumbis para ganhar doces pelo prédio.

Lembro bem da sensação de me sentir fora de contexto.
Eu era uma mocinha. E lá estava eu fazendo coisas de criança.

Enfim, não lembro mais de nada relevante a não ser essa sensação de estar fora de lugar e estar usando uma tábua de passar.

Passados tantos anos, além da sensação de ter envelhecido (essa me acomete sempre que que calculo quantos anos já se passaram de algum fato marcante, por exemplo, já faz mais de 10 anos que tenho carta de motorista!), penso que vai ver que esse trauma da primeira vez fez com que eu, para todo o sempre até hoje, odiasse ficar menstruada.
E vai ver que é por isso que eu tenho tantas histórias cômicas ou dramáticas com esse que deveria ser um fato simples e corriqueiro na vida de qualquer mulher.
Até que decidi que isso não é para mim. E farmacêuticos abençoados tornaram o meu sonho realidade.

É isso.
Um brinde à maioridade da minha vida de mocinha.
E aos farmacêuticos.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sobre repensamentos



Estou por aqui repensando a existência deste blog.

Lá atrás, nos idos de 2008, quando eu criei este espaço, eu disse

"E, falando bem a verdade, não estou me importando muito com quem vai ler o que escrevo. Estou a fim de escrever e, por ora, isso me basta.
O dia em que isso não for mais suficiente, eu repenso a existência do blog. Ou encontro um editor."

Mas a verdade é que estou repensando não porque não estou mais a fim de escrever.
Estou repensando a existência do blog porque ele passa muito tempo sem que eu o atualize. 

Seria pela falta de tempo?
Claro!
Mas acho que é mais uma questão de falta de priorizar.
Porque o tempo falta, é claro, como falta para todo mundo.
[Outro dia, o Bruno disse: "A função fática do paulistano no séc XXI: 'Tudo bem?' - 'Mó correria'. Dito isso, o canal de comunicação se estabelece e os 2 podem conversar.". Concordei.]
Mas não estou deixando de fazer outro milhão de coisas por conta disso.


Assim, me pergunto se não estou mesmo mais a fim de escrever. Será?
Mas tenho taaaaaanta coisa que queria registrar aqui.
Taaanta coisa sobre as quais falei, ou me falaram, "essa vai pro blog".
Mas aí elas passam e ficam desatualizadas, ou ficam menos lembradas por mim e aí, tenho a sensação de que, mesmo que deem um post, não dão uma boa história, e aí, não escrevo.


Penso em me obrigar a escrever.
Mas assim todo o prazer da coisa vai embora, né?


Enfim, repensando.


Outro dia, li, num outro blog, que é bom escrever para se manter escrevendo. Foi por esse motivo que a autora daquele blog, que agora não me lembro quem é, disse que tinha criado o blog dela.


E foi por esse motivo que eu escrevi esse repensamento aqui.