sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Sobre as coisas que aprendi com Alice

Anda mesmo tudo meio fora da órbita e - por falta de internet na casa nova do trabalho - eu tenho trabalhado na minha casa boa parte do dia. E trabalhar em casa exige uma disciplina que eu não tenho, ou que ainda não descobri em mim.
E aí que eu fico fazendo um milhão de coisas outras e quando olho pro relógio e são quase seis da tarde, me bate um desespero porque não trabalhei nada e começo a trabalhar como uma doida.
Não, não é saudável.

Mas o que isso tem a ver com a Alice?
É porque na hora em que não estava efetivamente trabalhando, engatei numa conversa via gtalk. E estava lá dizendo várias coisas que não sei bem se era bem o que eu pensava.
Aí, me lembrei da Alice:

"- Eu digo o que penso - apressou-se Alice a dizer. - Ou pelo menos... pelo menos penso o que digo... é a mesma coisa, não é?
- Não é a mesma coisa nem um pouco! - protestou o Chapeleiro. Seria o mesmo que dizer que 'Vejo o que como', é o mesmo que 'Como o que vejo'.
- Seria o mesmo que dizer - acrescentou a Lebre de Março - que 'Gosto daquilo que consigo' é o mesmo que 'Consigo aquilo de que gosto'.
- Seria o mesmo que dizer - acrescentou o Leirão, parecendo falar enquanto dormia - que 'Respiro quando durmo' é o mesmo que 'Durmo quando respiro'."

Não é, né?

E agora no instante em que estou escrevendo sobre a Alice do país das maravilhas, a Alice da minha vida real aparece.
Bacana, não?
Hora da breja.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Sobre a descoberta do ano

E desde que eu criei este blog, meus amigos que me acompanham na vida real e na virtual comentam cada coisa que acontece com um "essa vai pro blog". E as coisas vão acontecendo e algumas mais surreais que as outras e, no fim, eu esqueço de colocar um monte de coisa bacana no blog.

Então, ontem, tomei um puxão de orelha do Guiba porque esqueci de colocar aqui a descoberta do ano.

Pois é, meus caros, o ano mal começou e a Ester já fez a descoberta de 2009 - até que ela seja superada por outra descoberta que mereça a alcunha de "descoberta do ano", como o recorde de trânsito ou o dia mais quente do ano (by the way, boas verdades provisórias - "Hoje foi o dia mais quente do ano" ou "São Paulo registra o recorde de congestionamento do ano").

Digressões à parte, a Ester fez a descoberta do ano!
Ela descobriu o ingrediente secreto da fórmula da cerveja Bohemia.
E como eu sou iconoclasta, eu vou contar para vocês: lichia!
Lichia?
Éééééé, lichia!
Sabem aquela frutinha rósea, pequenina, com uma carinha meio espinhuda? Essa aqui embaixo?


Então, a Bohemia tem lichia.

Podem comprovar!

A Ester descobriu o ingrediente secreto da Bohemia no samba na madruga de sexta e devo dizer que ninguém deu muito crédito à sua descoberta - apesar de eu e o Duza termos provado e comprovado o gosto de lichia na Bohemia que ela tinha acabado de pedir.
Massss... como a breja em questão não era a nossa primeira, ou sequer a quarta, da noite, achamos por bem guardar a descoberta em nosso círculo de amizade, uma vez que o gosto de lichia da cerveja poderia facilmente derivar do mal acondicionamento da garrafa ou da nossa falta de paladar àquela altura do championship.

E, no sábado, em Campinas, com a minha primeira lata de cerveja, bem acondicionada, gelada na medida, eu faço o teste e...
Esteeeeer, tem mesmo lichia na Bohemia!!!

E todo mundo prova e comprova!

Taí, AmBev, InBev, ou seja lá como se chame o monopólio mundial de cerveja atualmente, a Ester descobriu o ingrediente secreto da Bohemia. E eu conto pra todo mundo merrrrrmo. Rá!


E ontem, no escritório, a Isa está contando uma história.
E eu, intrigada, "Isabela, por que eu tenho a impressão de que já ouvi essa história?".
E ela "porque eu te liguei no sábado à noite e te contei tudo isso, Marina".
Êêêêêêê, lichia!

Sobre Durkheim

Existe teoria para a prática reiterada de suicídio?

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Sobre o avesso do avesso do avesso do avesso

E é segunda-feira, e depois de celebrar de uma forma beeeem paulistana (com show no Sesc seguido de pizza nas melhores companhias) o aniversário de São Paulo no domingo, eu chego para trabalhar no centro.

Por razões econômicas - e afetivas - meu carro fica estacionado na SanFran, então o trajeto até a nova casa, o Pátio do Colégio, é feito caminhando.

Não, não, eu não quero vender ouro, "obrigada", nem fazer uma avaliação gratuita das minhas jóias, "obrigada", também não quero o papel da Ótica, ótica, ótica, "obrigada", e nem busco emprego, "obrigada, homem-placa".
Mas que DE-LÍ-CIA ouvir tudo isso de novo a caminho do trabalho!

Os caras todos devem ter me achado uma doida, recusando, com a cara mais feliz do mundo, todos os papéizinhos que me ofereciam pelo caminho. Doida, ou turista, vai saber.

Mas independente das impressões que fui deixando, a verdade é que fiquei com o melhor humor do mundo de caminhar por ali, passando pelo Largo, pela José Bonifácio, pela XV de Novembro, pela São Bento, pela Praça da Sé.
E eu até convenci a galera a ir almoçar no Asia House - "arigatô, sei lá o que" (alguém sabe o que aquele trocinho diz?) -, na Rua da Glória, para comemorar a volta ao centro.
E decidi que vou fazer um caminho diferente por dia, só pra aproveitar o centro ainda mais.

Porque o centro de São Paulo é um dos meus lugares preferidos no mundo!

No centro, a poesia concreta das esquinas é ainda mais dura.
E as meninas são ainda mais discretamente (ou nem tanto) deselegantes.
E os edifícios são mais bonitos e dão a impressão de que existe alguma harmonia arquitetônica por aqui.
E a desiguldade da nossa metrópole fica estampada bem na nossa cara.
E tem todo o charme de estar no centro de tudo.
Porque o centro é a essência babilônica da metrópole que é o avesso do avesso do avesso do avesso.
E eu tô de volta ao centro! Iupie!!!

E pra comemorar a volta ao centro, o aniversário de São Paulo e fazer propaganda de um fotógrafo que eu super admiro e super recomendo e que, numa dessas casualidades da vida, vem a ser meu irmão:

Pedro Menezes - Fim de expediente, 2007, da série "Cidade Luz" - fotografia digital


quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Sobre o momento atual

Estou com medo de ser colocada numa dessas caixas com etiquetas cinzas que indicam as coisas que são da sala da Marina.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Sobre a janela lateral

Daqui eu não vejo nem igreja, nem muro branco, nem grade ou velho sinal.
Mas já vi outras várias coisas como:
- a reforma do apartamento do quarto andar do edifício em frente
- vários acidentes entre carros e motos
- briga de um casal com agressão à mulher e prisão em flagrante
- a seleção feminina de vôlei no tour pós-olímpico
- alguns hóspedes nus do hotel em frente
e outras tantas mais.

É a paisagem da janela do meu trabalho.

Mas agora, enfim, meu trabalho vai mudar de lugar.
Não, não, não vou mudar de trabalho. É o trabalho que vai mudar de casa, mesmo.
Vamos deixar a gloriosa Rua Augusta para nos instalarmos no Pátio do Colégio.

Não que aqui seja assim o melhor lugar do mundo para se trabalhar – longe, beeeem longe disso – mas fato é que trabalhar na Augusta (e pode guardar a piadinha infame!) tem o seu charme.

Afinal, estar a 2 minutos de distância dos melhores cinemas de São Paulo é um luxo só.
E na Mostra de Cinema, ainda dá pra comprar ingresso para todo mundo na hora do almoço.
E poder sair do trampo tarde da noite e cair na balada automaticamente é uma facilidade sem preço.
E aqui do lado tem o Piolin com um rodízio de massas para morrer de comer na hora do almoço pagando só 12 reals.
E a Soroko, pros dias de calor.
E o Bologna pra matar a fome do meio da tarde com os melhores salgados de preços salgados de São Paulo.

E agora que eu enumero as milhões de vantagens em trabalhar aqui, o trabalho vai mudar, a paisagem vai mudar.
Da janela, o pátio do colégio e a fundação dessa babilônia em que vivo.

E eu que andava toda feliz e serelepe de voltar pro centro da cidade, agora que vou mudar merrrrmo, estou sentindo uma saudade danada da Augusta...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Sobre palavras que faltam

E ontem teve aniversário de uma grande amiga pequena.

Com flores de sol.
Com fotos e vídeos.
Com guacamole e cheesecake. (¡gracias, Mari!).
Com cerveja.
Em español.
Com risos e lágrimas.
Com saudade.

E eu queria fazer um texto pra ela e escrever páginas e páginas sobre ela e dizer para ela que ela é super importante, que ela dá os bons conselhos, que ela é tããããão queridamiga, que ela alegra o dia, que ela é só ela – passista na avenida, com dedos de fadinha e um corazón do tamanho do mundo – e que mesmo que ela vire a maior advogadadeatosdeconcentração do país, ainda assim, ela vai continuar morando aqui, no espaço dos muitomuitoqueridos, sempre, sempre.

Massss... me faltam as palavras.
Então, enquanto elas não vêm, deixo registro de uma bela vista que dividimos nessas andanças pela vida.


(Isla Negra, Chile)


Happy...!!! pra Andi.


Love.

Sobre verdades provisórias

.
Eu nunca mais vou fazer isso.
.
Eu te amo pra sempre.
.
Isso é o que eu mais odeio na vida.
.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sobre o carro e a temporada de zica

Pois é, é a zica do carro.

Começa com a enchente na praia. Não, não teve pocinhas dentro do carro, ainda bem!, mas ele ficou com o assoalho um tanto molhado.
Aí, depois de ele ter sido devidamente lavado e higienizado, eu combino com o cara do estacionamento de deixá-lo aberto no sol para sair o cheiro de enchente.
E como isso funciona super bem na terça-feira, decidimos repetir o procedimento na quarta.
Vou pegar o carro na quarta no fim do dia, depois daquela chuva torrencial que me deixou ilhada no trabalho, e o cara do turno da tarde/noite do estacionamento me diz que o cara do turno da manhã não o tinha avisado que o carro estava aberto tomando sol.
Massss, eu nem preciso arregalar os olhos desse jeito porque ainda bem – segundo ele – que quando a chuva começou, ele teve que manobrar outro carro, percebeu que o meu estava lá todo aberto e correu pra fechá-lo. E isso tudo foi muito rápido e nem deu tempo de entrar água no meu querido carro.
Ok, ótimo. Entro no carro, confiante, e vou-me embora.

E quando eu chego ao restaurante para encontrar a Andi, eu sinto minha bunda úmida. Por que será???

[mas, pelo menos, nessa eu tô melhor que o Guiba, que largou a marmita por dias e dias dentro do carro... Porque, cá entre nós, o cheiro de enchente deve ser umas mil vezes melhor do que o cheiro dos alimentos em decomposição, né, Guiba?]

E quem pensa que isso já era zica demais para o pobre carro...

Eu vou pegar meu carro depois da balada na sexta e o vidro está quebrado.
Penso: uau, que bacana!, alguém veio aqui e abriu o vidro pra tirar o cheiro da enchente!
É, não era bem isso.
Roubaram meu rádio. De novo.
E com o rádio, o estepe. De novo.

Fico imaginando como que o ser sai carregando um estepe. Porque eu fui comprar a porra do estepe e botá-lo de volta no lugar e essa é uma tarefa um tanto impossível. Se é difícil de botar no lugar, deve ser ainda mais difícil tirá-lo de lá. E sair por aí com um estepe embaixo do braço deve ser, no mínimo, desengonçante, não?

E aí que talvez eu tenha que dar razão pro meu pai que acha uma economia estúpida parar o carro na rua em São Paulo, porque o rádio e o estepe saem bem mais caro que os dez contos do estacionas.
Será? Vou ter que fazer o cálculo de cada vez que saio e que não gasto os dez contos do estacionas (dez contos quando é barato) para ver se estou economizando ou não.
Massss, considerando que desde a última vez que roubaram o rádio e o estepe não se passaram nem 3 meses...

É, pai, ok, eu vou parar no estacionamento de agora em diante porque rádio e estepe – já que o vidro é segurado, thanxgod! – saem caro pra burro.

E eu que trabalho com isso, sei da relevância de se notificar qualquer crime, para incentivar a investigação e para contabilizar a ocorrência, diminuindo a cifra negra. Então, vou à delegacia eletrônica para fazer meu B.O..
E qual não é minha surpresa ao descobrir que se pode registrar o B.O. do furto do veículo, mas só do rádio não pode?!?!
Que saco isso!

E aí eu estou aqui discutindo comigo mesma se devo encarar o DP para registrar a ocorrência. A autoridade policial incumbida do registro não vai entender nada. Porque, investigar, ela não vai mesmo e eu ainda nem preciso do B.O. para seguro...

Cenas do próximo capítulo? A ver.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Sobre a enchente do fim de semana

[fotos do dia seguinte]

esse rio aí embaixo era, na verdade, a nossa rua

mais da nossa rua, o muro à direita é o da casa
o portão da nossa casa


autorretrato (nova ortografia, gente. Feio, não?) da Ester, na enchente




terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Sobre Paulinho da Viola

[mensagem de texto para um coração ausente]

Para: Coração leviano
De: Coração imprudente

Mensagem:
Você não sabe o que fez de mim...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Sobre um fim de semana na praia

Parte I – Sobre como uma deliciosa noite de sexta-feira pode virar um caos

Não sem um tantinho de esforço para me convencer da ideia, aceito o convite do Du para passar o fim de semana na praia.
Noite de sexta em Caraguá, partindo logo cedo para Cigarras na manhã do sábado.
Previsão do tempo: sol com nuvens durante o dia. Chuva no fim da tarde / Noite.

Com fé na Climatempo, vontade de manter o bronzeado e saudade do mar (já? Já!), pegamos a estrada na sexta à noite. Estamos eu, Duza, Léo e Ester.
Trânsito chatinho na serra, chegamos em Caraguá lá pela uma da manhã, junto de uma chuva torrencial que nos impediu de voltar para tirarmos as coisas do carro.
Hora da merecida breja que o Muba e a Lalá já tinham deixado gelando pra gente.

Breja lá dentro, barulho de chuva lá fora, companhias super agradáveis, papo bom, um violão. Início do fim de semana perfeito, certo?
Então siga lendo o relato.

A chuva estava, de fato, muito muito forte. O Du parecia um pouco preocupado com a possibilidade de encher a rua de água, de entrar água na casa, algo assim. Eu tentei dizer aos companheiros de empreitada que deveríamos ouvir as ponderações do Duza, mas a galera estava honestamente convencida que estava tudo sob controle, apesar do rio de água marrom que se formava na rua em frente à casa.

Ok, tudo sob controle, deve ser umas duas e meia, caio numa sonequinha revigorante no sofá.
A parte que eu não vi: a chuva pára – alívio!; a Ester vai à cozinha preparar pipoca; a Lalá resolve dar uma olhada na janela e constata que a água está subindo pela varanda.
Eu, de volta à história, sou acordada pelo Léo que me diz: “Má, vamos ter que deixar a casa”.

Será? “Calma gente, talvez não seja o caso de deixar a casa, vai ver que a água entra e logo escoa”, alguém observa. E a água vai entrando pela porta, pelas paredes, pelos ralos. Até o momento em que eu, dentro da casa, vejo um peixinho (juraram que era um girino, mas eu prefiro pensar que era peixinho) e o Léo, do lado de fora, vê o gato sair nadando.
É, gente, na hora em que o gato sai nadando é que fodeu mesmo!

Trocamos sapatos por chinelos, calças por shorts, enquanto a água invadia rapidamente nossa morada. Ester liga para os bombeiros, que devem ser os caras que sabem o que fazer numa hora dessas, e pede ajuda (“Tem alguma criança, deficiente ou idoso com vocês?”, “Não”, “Então, saiam da casa e vão para um lugar seco e abrigado”, leia-se, “então, se vira, mané!”). A chuva volta a cair. Tentativa semi-bem-sucedida de colocar os carros num lugar mais alto. Tiramos nossas mochilas do carro, trancamos a casa (os bombeiros mandaram trancar a casa) e, com água no meio da canela dentro de casa, vamos em busca de um lugar seco e abrigado, atravessando as ruas inundadas com água acima do joelho.

Parte II – Sobre uma interminável madrugada

Com uma esperança revigorante de encontramos logo um lugar para tomarmos um banho, nos livrarmos da inhaca, e dormir o sono dos justos, saímos em busca de abrigo por Caraguá. Tentamos hotéis, pousadas e motéis, (com direito a uma carona chorada, porque nada era tão perto assim) em vão. Nenhuma vaga num final de semana de janeiro, né pessoal?
E sem sorte, bota sem sorte nisso!, paramos na marquise de uma padaria fechada ao lado de um pessoal de Campinas que ouvia Engenheiros do Havaí no último volume, tomando cervejas cujas latinhas jogavam na rua (depois vai lamentar a enchente, né?) e que também estavam ilhados.
Nossa padaria virou um point de ilhados, todo mundo chegando em Caraguá na madruga, sem conseguir chegar em casa por conta das ruas inundadas. Trágico para todos, certo?
Não! Eles tinham casa, só não chegavam a ela. A nossa, era a única casa embaixo d’água.

A Ester, para se redimir de ter convencido a galera que estava tudo sob controle e com sua inesgotável fé no poder público, faz inúmeras ligações para os bombeiros e para a defesa civil. “Será que não tem um alojamento numa escola, ou algo assim?”. Sem sucesso.
Sem nenhum sucesso!
E é nesse momento que, ainda super bem humorados, constatamos que vamos esperar amanhecer na marquise da padaria e vamos esperar a água descer para tirarmos nossos carros e, assim que tudo isso acontecer, vamos voltar para São Paulo.
É, triste fim de semana na praia. Isso deve ser umas 4 da manhã.

Me vem uma ideia: achar pessoas que tenham casa em Caraguá. Mensagem de texto no celular de alguns amigos e a Biola (salvadora!) responde dizendo que não está por lá, mas que sua família pode nos abrigar.
Oba! Abrigo seco e com possibilidade de banho. (Nessas horas, sentimos que perdemos a vergonha, mas a dignidade jamais. Higiene já!)
Mas com um detalhe, nada fácil de superar, estávamos em Massaguaçu e a casa da Biola é em Indaiá.
Sem transporte nenhum, com ruas inundadas, nenhum carro passava (aliás, só chegavam carros avariados e motoristas surtados por lá – e a Ester ainda encontra um amigo dentre os que chegam para se juntar a nós na padaria), não tínhamos como chegar em Indaiá.
Ainda com fé no poder público, a Ester tenta convencer o funcionário da defesa civil que, se eles não vão nos abrigar, eles têm a obrigação de, pelo menos, nos transportar para o abrigo que arranjamos.
[Aliás, se o Toninho (da Defesa Civil) e o Devanildo (dos bombeiros) estiverem lendo isso aqui, “Muito obrigada pela bela ajuda que vocês nos prestaram, viu!”.]

6 da manhã. O Léo já fez da sua mochila um travesseiro. Eu durmo com a cabeça apoiada nos joelhos. Os campineiros colocam um forró no último volume. A Ester avista um táxi! Táxi! Obviamente ele está cheio, mas ela o convence a voltar. E ele volta.

É aí que o Seu Ranieri entra na história. Temos transporte. E ele vai levar 6 de uma vez.
[O arranjo possível dentro do táxi para transportar nós 6 é melhor nem comentar (é um tanto constrangedor admitir que eu tinha que levantar minha bunda pro Seu Ranieri trocar a marcha, né gente...).]
E ele sabe os atalhos para fugir da rodovia inundada e da polícia (mas nem precisava fugir da polícia porque, a essa altura, a Ester já tinha pronto seu discurso de advogada para livrar o Seu Ranieri da multa, argumentando sobre a ineficiência do poder público em nos ajudar e o nosso estado de necessidade).
E o Léo, dentro do carro, tentando explicar o seu momento zica pro Seu Ranieri (ih!, esqueci de contar que, enquanto estávamos na padaria, um cachorro passante ainda deu uma mijadinha na mochila do Léo. É, isso ilustra bem a zica.) e tentar convencê-lo a andar numa velocidade mais razoável e compatível com a serra, a chuva, os entulhos no caminho.
[É, Léo, é o retorno de Saturno, meu caro. E o Duza ponderando que, com seus 32 anos ele já deveria ter passado pelo retorno de Saturno, mas que agora ele tá vivendo o do Léo...]

Sãos (não sei se tanto assim – já que a leptospirose fica incubada até 10 dias) e salvos, chegamos à casa da Biola. O Rodrigo, primo dela (salvador!) nos recebe super simpático e conversador às 7 da manhã. E depois de um banho esfregação saizicaeleptospirose, caímos no sono em camas quentinhas e sequinhas.

Parte III – Sobre como as coisas se ajeitam

Acordamos lá pelas 11. A tia da Biola (outra salvadora) tinha preparado um super café-da-manhã pra gente. Na TV, detalhes sobre os estragos da madrugada “Em Massaguaçu houve o vazamento do córrego e do esgoto da região”. Esgoto???? Bem que eu digo que tem informação que é melhor não ter!
Secos e de barriga cheia, conseguimos dois táxis (é, não íamos chamar o Seu Ranieri de novo, né?) e partimos para ver o estado das coisas.

Chegada em Caraguá nada animadora. Vários caminhos diferentes para chegar na casa e, por fim, a constatação “é isso aí, continuamos embaixo d’água, bora molhar os pezinhos de novo”. E chafurdados na lama, mais uma vez, entramos em casa.
Verificação dos estragos, carro do Muba com água dentro. Meu carro, úmido. Ambos funcionam, ainda bem! A casa? A casa já teve melhores momentos.
Du mede a água lá fora. Será que o carro passa?
A água vai escoando numa velocidade de lesma. E as minhocas por ali, passeando.
Ok, vamos esperar. Fome? Bolacha água e sal com atum, no meio da lama. E a Ester ainda quis fazer um macarrão...
Du mede a água. Agora deve dar.
Arranjos vários, manobras várias e não se pode parar de acelerar. Só não pára de acelerar!
Muba tira seu carro. Sucesso! Léo tira o meu. Sucesso!
Algumas coisas que estavam na casa vão carregadas por nós, com água até a canela.
A vizinha, super solícita, empresta o chuveirão da casa para a gente lavar as pernas, tirando a lama, a inhaca e a leptospirose e, pronto!, podemos ir embora.
4 da tarde de sábado, almoço num árabe, a caminho da Cigarras, aí, começa o verdadeiro fim de semana na praia.

Lembram que eu disse que 2009 seria bombástico? Alguém ainda duvida?

E para comprovar, foto do Léo e do Duza, deixando a casa, na madruga:



sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Sobre coisas que podem acontecer quando se está no trânsito (ou melhor, sobre coisas que podem gerar o trânsito)

Fim da tarde de terça-feira, estou dirigindo na Heitor Penteado, naquele trânsito constante, pensando na vida, curtindo um samba e o pôr do sol no meio dos carros. Observando o caos da paisagem urbana, algo me chama a atenção no telhado de uma casa. Ali em cima, um cachorro e um coelho. Os dois ali, sentadinhos, e o cachorro com seu focinho ainda vai dando uma empurradinha (de leve) no pobre coelho, que vai escorregando para a beira do telhado.
Imbuída do meu espírito de protetora dos animais (sim, tenho esse espírito!), me dou conta que tenho que fazer algo para salvar os pobres bichinhos de cima daquele telhado. Detalhe: estou na pista da esquerda, a casa está à direita, um ônibus aparece, tapando a visão do telhado e a possibilidade de eu mudar de pista. Mas... a obrigação de salvar os animaizinhos fala mais forte. Paro o trânsito da Heitor, corto três pistas, dobro na primeira rua, largo o carro mal estacionado e vou correndo até a casa. Toco inúmeras vezes a campanhinha e ninguém atende. Ligo pro meu irmão (que também tem espírito protetor dos animais – até mais do que eu) que depois de chorar de rir ao telefone, me sugere chamar a polícia ou o bombeiro, o que, obviamente, eu não faria, uma vez que seria ridículo dar uma explicação dessas ao atendente do 190.
Fico pensando em como subir no muro para resgatar o cachorro e o coelho indefesos.
Nisso, outras pessoas percebem a situação. Um cara na pista da direita começa a gritar “ô moça, tem um cachorro e um coelho lá em cima”. Outra mulher passa e buzina do tipo “moça, vá lá e faça alguma coisa”. Outra, mais doida do que eu, corta a pista e larga o carro algo entre o meio da rua e em cima da calçada e desce para ajudar e tentar me convencer a subir mesmo no muro.
Caos instalado. Trânsito mais parado ainda.
E eu gritando “ô de casa”, no portão.
E não é que a de casa aparece. Uma mulher e duas crianças. Eu explico a situação.
E ela “ah, isso é normal, eles sempre ficam aí no telhado”.
Eu argumento “o cachorro está empurrando o coelho, ele pode cair”.
E ela “ah, mas se ele cair, ele sabe voltar”.
Eu “então, isso é normal?”.
Ela “é sim, outras pessoas já pararam aqui pra avisar”.
“Outras pessoas já pararam pra avisar?” – eu, pensando “otária!” - “ok, então, feliz ano novo”.
E vou-me embora ponderando se não deveria denunciar a dona da casa para a CET pelo trânsito causado na Heitor Penteado. Será que tem multa pra isso?

Então, se num dias desses lá pelas 7 e meia da noite você estiver num trânsito enorme na Zona Leste da cidade, saiba que pode ser culpa de um cachorro e de um coelho no telhado de uma casa da Zona Oeste.


Tirei uma foto da cena, para enviar por mensagem para meu irmão entender o que estava acontecendo. Aqui, pra comprovar a veracidade de minha história:



E com zoom:



quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Sobre Van Gogh e Dalí

Na tentativa constante de pintar o mundo com cores impressionistas, vou administrando minha vida surreal.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Sobre o passar do tempo

Vocês já tiveram a impressão que o tempo passa num ritmo muito diferente em cada lugar?
Eu sempre tenho essa impressão.

Em São Paulo, você acorda atrasada às 7h30, toma banho correndo, toma café da manhã lendo o jornal (para não perder um minuto), vai de carro pro trabalho ouvindo notícias no rádio e resolvendo parte da sua vida burocrática pelo celular (para não perder um minuto), chega no escritório voando, dá uma olhada nos emails, olha a agenda, começa a trabalhar, olha o relógio: 13h00.

Na Bahia, você acorda às 9h30, se arruma, faz todo o processo interminável de passar protetor solar, sai, chega na praia, anda a praia inteira, senta, toma um coco, levanta, entra no mar, entra no rio, deita no sol, lê uns capítulos do seu livro... Pergunta a hora: 10h30.

O que levaria um dia inteiro em São Paulo leva uma horinha na Bahia. Comprovado empiricamente. E de outros carnavais.

Aí ficamos elucubrando, é o trânsito, são as distâncias, é o fato de você estar de férias ou não. Ok, ok, pode ser tudo isso junto. Mas que o tempo passa mais devagar lá do que aqui, passa.

E isso me faz pensar, se São Paulo é o lugar onde o tempo passa mais depressa, por que eu continuo vivendo aqui?
Rumo à terceira idade em marcha acelerada?
Vai entender...

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Sobre fogos de artifício

Existe um princípio básico para se lançar fogos de artifício que deve ser o de isolar a área de onde os fogos serão lançados. Certo?
Então, deixa eu contar do meu réveillon.

Estamos ali, na praia mais escura já vista, com milhares de estrelas no céu, cheia de montinhos de pessoas, sem quase conseguir enxergar um palmo na frente do nariz, em Caraíva, uma vilinha em Porto Seguro – BA, onde, apesar de ter bastante gente pra virar o ano, a prefeitura não organiza uma queima de fogos para celebrar a virada. E, cá entre nós, virada de ano sem fogos não vira, né?
Beleza. Os bem-intencionados donos de bares na praia resolvem essa pendência para os pobres mortais e organizam a queima de fogos.
Ok, este é o cenário.
E estamos nós, naquela de tentar descobrir que horas são e que horas vira, se faltam 5 ou 2 minutos (já que na Bahia a vida é tão calma que até o ano novo chega depois...) tentando descobrir a hora no celular da Ester. Ao que a Ester, depois de descobrir que o ano novo chegará em pouquíssimo tempo, vira para trás e vê uns rapazes agachados, logo ali, grudados na gente. Eram os caras que estavam acendendo os fogos de artifício. Ali mesmo, grudados no povo. No meio da galera!
A Ester solta um “ai, caralho, os fogos estão aqui, caralho, caralho” e os fogos começam a estourar, assim mesmo, nas pernas e cabeças da galera. Obviamente que todos saem correndo tentando salvar pernas e vidas. E o Alê ainda relata um cara gritando “é o Iraque, é o Iraque”.
Surreal!!!

E na manhã do dia primeiro, enquanto devorávamos um panetone tentando evitar a inevitável ressaca da cachaça Busca Vida, ainda temos a continuidade do momento surreal com nosso vizinho artista global (o vizinho artista global mereceria todo um tópico à parte, seguramente!) interpretando para a gente a virada de ano Armageddon, segundo ele. Interpretação digna de Oscar! E nós chorando de rir.

Agora, me digam, depois de começar o ano nessa explosão vocês duvidariam que 2009 será um ano bombástico? Eu não!