terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Sobre os assuntos sérios

Eu sei que esta não é a preferência de quem me lê por aqui, mas, de vez em quando, eu falo sobre coisas sérias. Sério.  

domingo, 12 de dezembro de 2010

Sobre os anúncios de final de ano

Chegou o Natal:


O trânsito da Paulista no domingo à noite anuncia a chegada desta época de paz e harmonia.

Aos que estão aqui parados no carro, um apelo:

Você está aí nesse trânsito imenso porque quer ver a decoração de Natal na Paulista, certo?
Então, por favor, "relaxa e goza".
Porque eu moro aqui em cima, detesto toda e qualquer decoração de Natal e não tenho que aguentar o raio da sua buzina.
Ok???

[e se vc nem quer ver a decoração de Natal e ainda assim está nesse trânsito infernal, pegue a Vergueiro, a 23, vá por dentro do Jardins, ou tente o Google maps para caminhos alternativos, mas pelamor, não buzine na minha orelha!!! Agradecida.]

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sobre dias de Sol

[Eu já queria escrever este texto, mas achei melhor consultar o Manu. E ele deixou que eu escrevesse o texto, dizendo que, quando a Sol ficar mais velha e eu ficar famosa, ele vai dizer pra ela “Sabe a tia Marina, famosa... (vai saber em que eu serei famosa, né?)?, então, ela escreveu sobre você quando você nasceu”. E ela vai exibir o texto para os amiguinhos cheia de orgulho, como um amigo dele exibe uma caricatura de seu nascimento feita pelo Glauco... Estou esperando o dia em que eu vou ficar famosa...]

Mas a verdade é que, independente disso, só pelo causo do nascimento da Sol, nós (os tios) já colecionamos um montão de histórias para contar para ela quando ela crescer.

Então que a vida é assim e quando vamos chegando perto dos 30, os amigos começam a botar filhos nesse mundo. Eu tenho alguns amigos pais há mais tempo, mas até nascer a filha do Manu, eu não tinha me sentido tia. Agora, sim, eu me sinto tia. Tia coruja e babona e tudo o mais. E tia de uma candanguinha. A distância não me agrada, mas como o trabalho impõe viagens constantes a Brasília, eu já conheci a Sol, nos seus 16 dias de vida.

Não fui a primeira dos “tios paulistas” a conhecê-la, porque Gui Varella, que tem agenda de viagens mais cheia do que a minha, foi primeiro. Mas fui a segunda. E a que levou os presentes de todo mundo.
A Sol ganhou – ao contrário dos desejos da Laura que queria nos convencer a dar um carrinho de bebê, coisa que eu ou Gui nos recusamos terminantemente a carregar no avião – um sling super fofo e uma bebêchila roots (ambos os presentes descobertos no Pequeno Guia Prático para Mães sem Prática). Além de um macacãozinho equatoriano trazido pelo Gui e um macacãozinho guatemalteco trazido por mim. Os dois muito parecidos, o que fez com que eu me perguntasse se ambos não eram made in China.

Nossos presentes vieram bem a calhar, porque carrinho de bebê não combina com uma vida hippie. E a Sol é hippie, minha gente. Ou, pelo menos, filha de hippies.
Todo mundo já suspeitou pelo nome, né?

A começar pela casa onde ela mora. Você chega e diz pro taxista que vai até o Córrego do Urubu. Ele ri. E você não sabe se ele está rindo porque, afinal de contas, um lugar chamado Córrego do Urubu é mesmo digno de risada, ou se ele ri de felicidade com a fortuna que ele vai ganhar por te levar até lá.
Bem, 70 reais depois, e graças a uma precisa explicação que você tem no email que o Manu (aquele cara nada planejado, sabe?) te mandou e que você vai ditando ao taxista durante o percurso, você chega à casa de portão laranja. Depois de perguntar ao taxista se ele sabe voltar de lá, você pode descer e apreciar o mato, as plantas e conhecer a bebêzinha.
Aí, você se dá conta de que papai Manu, em sua nova função, não vai poder te levar embora e como raios você vai explicar para um taxista como chegar lá para te buscar?!?! E Manu ainda diz que o Gui combina a volta com o mesmo taxista da ida. Ok. Avisasse antes. Mas, no fim das contas, Manu me levou de volta...

Voltando à pequena. A Sol, na verdade, se chama Maia Sol (o que torna o nome ainda mais hippie), numa atitude descarada dos pais de deixar o nome dela mais acessível ao grande público. Porque na adolescência ela pode vir a se rebelar de se chamar Sol e querer algo mais tradicional. Ok, Maia não cumpre o papel de tradicional...

Mas, aí, Sol, se você estiver me lendo quando for adolescente, eu preciso te dizer que você se saiu super bem, porque, logo antes de você nascer, seu pai me disse que não via nenhum problema em não dar nome a um bebê e deixá-lo escolher quando ele estivesse apto para tal. Entonces, meu bem, agradeça por ter um nome antes de seus 18 anos.

Ok, a Sol não ficaria sem nome até os 18 anos. Ela só não teve nome nas primeiras 24 horas de sua vida.
Eu achei legal Maia. Conheço uma Maia que adoro de paixão. Mas já tinha mesmo me acostumado com Sol. E assim ficou sendo Sol para mim.

E a Sol tem nome, mas não tem berço. Na verdade, ela não tem nem quarto direito ainda. Mas quarto, ela terá. Berço, não. Isso porque berço limita a autonomia do bebê, segundo a Eva. Assim, enquanto não há solução alternativa, a Sol dorme na cama de Manu e Eva.

A Eva, que é uma mãe lindona, anda pela casa com os peitões de fora. O Gui tinha se impressionado com o fato quando foi visitá-los, mas a verdade é que os seios doem muito no começo da amamentação e a roupa acaba sendo super desconfortável, então peitos livres.
Sobre isso, preciso contar que, quando o Gui me contou isso, eu disse pro Guiba (o Guiba é o meu Gui, para quem não conhece todos os personagens da história), que participava da conversa "Big, pode se preparar que eu também vou andar com os peitões de fora". Aí, ele, que não entendeu a temporalidade da coisa, estranhou e disse algo como "Mas, pera, você vai chegar lá, na casa deles, tirar a blusa e ficar de peitão de fora também?!?!". Eu não fiz isso, by the way.

Eva chora quando a Sol chora. E só de ouvir o choro da pequena, os peitões da mamãe já começam a derramar litros de leite. Acho incrível como o homem é animal. Ok, isso não é incrível; é óbvio. Mas acho incrível constatar isso. Eu e Manu ficamos divagando sobre o tema.

No dia em que fui lá, foi a primeira vez que a Sol saiu para dar um passeio a pé. Ela ainda não foi à cachoeira; foi só à casa do vizinho. Mas quando ameaçou chover, o Manu voltou com o pacotinho Sol embaixo do braço, correndo e protegendo a bebêzinha da chuva e dos cachorros pelo caminho.

O jeito dele com a Sol me fez ver que o Manu é um pai protetor. Eu achei fofo.
Mas ele não pode sofrer em ser protetor, porque a Sol perdeu o umbigo provisório com três dias de vida, o que, segundo Eva, indica que ela será muito independente.
Melhor eles irem se preparando.
Se bem que parece ser algo muito distante quando você considera que, no presente momento, tudo o que a Sol faz sozinha é dormir, acordar e dar uma choradinha. Ela também mama nas posições mais incríveis, mas isso ela não faz sozinha. Depende de ajuda.

Sol, Eva e Manu moram no meio do mato. Pertinho da cachoeira. Mas a civilização mais próxima da casa é justamente o shopping mais chique de Brasília, o que, segundo Gui, vai dar tilt na cabeça da pequena.
E a contar pelo pai, que tem estilão meio mato-meio cidade, ela deve ter uma vida mais equilibrada. Afinal, Manu mora no meio do mato, mas puxa 130 metros de cabo para ter internet decente.
De qualquer forma, acho que não tem chance de ela virar patricinha. Ela deve mesmo crescer comendo as formigas do jardim (e criando muita resistência).

Acho que o choque de urbanidade (assumindo que Brasília não é lá muito urbana mesmo), ela terá quando for maiorzinha, vier a São Paulo e ficar aos cuidados dos tios urbanóides (eu, Ester ou Bruno). Aí, ela saberá o que é um cinema com filmes alternativos, o que é muita poluição, o que é o metrô na Paulista, aliás, o que é a Paulista, o que é o trânsito, o que é comer o yakissoba do Parque Trianon, um pastel de feira ou o dogão da van (ops! Este último nem eu, nem Ester e nem Bruno encaramos, então vamos ter que deixar aos cuidados do tio Guiba).

De qualquer forma, antes de nós estragarmos a Sol (o que é papel de tio mesmo), devo dizer que, pelo que vi, Manu e Eva estão fazendo um belo trabalho.

Aliás, Manu é um pai incrível. E não porque troca as fraldas (o que me garantiram que ele faz, apesar de eu não ter visto). Mas porque ele incorporou e está curtindo o papel de pai.
E o mais legal de ver seus amigos terem filhos, em minha opinião, é vê-los virarem pais.
Meio clichê, concordo. Mas acho incrível mesmo assim.
Eu vi isso no meu amigo Manu. E adorei o pai que ele virou.
Apesar de ainda estar me acostumando com a ideia (afinal, conheço o Manu há dez anos, né?).

Enfim, o post era para deixar registrado o momento incrível que estamos dividindo com Manu e Eva.
In-crí-vel!

E também para registro, fotos da Sol.
Tentei achar uma foto boa em que ela estivesse no meu colo, mas eu tenho um problema sério em fotos com bebês. Não tem uma em que eu não saia com cara abobalhada de encantamento.
Então, vamos evitar a exposição.
Pensei em colocar foto da Sol com a Eva, mas não tem nenhuma em que ela não esteja de peitão de fora. Nesse caso, também achei melhor evitar a exposição. E as visitas indesejáveis ao blog.

Assim, vai uma fotinho da Sol, que eu tirei no dia da minha visita. E outra que o Manu tirou no dia em que ela nasceu.

A minha foto da Sol dormindinho.


A foto do Manu, da Sol com close em seu pé.



Parênteses sobre o tema pé: eu calço 39. E desde adolescente. Sofri muitas vezes para achar sapatos de adolescente para meus pés 39. Ainda bem que os tempos são outros e hoje é fácil achar sapatos 39 de todos os modelos, porque, a contar pelo tamanho dos pés da Eva e do Manu, a Sol vai calçar 39 aos oito anos.



PS: Estou sofrendo para publicar este post, porque queria escrever algo bonito sobre nascimentos e vida e se tornar pai e tudo o mais. Só que o meu jeito de escrever não me permite. Assim, fico aqui pensando se o post está à altura do momento incrível... Se não estiver, espero que entendam a boa intenção!

sábado, 13 de novembro de 2010

Sobre encontros e desencontros

A Dri, que não é Berenice, me mandou esse texto.
A história aconteceu com ela. Ou melhor, parte da história aconteceu com ela. E daí, ela escreveu o conto.
Ela achou a história a cara do meu blog. Eu acho o meu blog um pouco cara de crônicas da vida cotidiana mesmo...
Mas, no meu caso, não crio contos.  As histórias que eu publiquei até hoje são fatos reais. Tragicomicamente reais.

Aqui vai o conto da Dri:


Encontros e desencontros

Dizem que a vida é feita de acasos. E foi num desses acasos que Ferreira reencontrou Berenice. Por alguma razão, eles tinham se perdido nessa vida. Mas quis então o destino que, sem nenhum propósito previamente estabelecido, eles se reencontrassem. O encontro se deu no fim de uma sexta-feira, lá no Largo Treze de Maio, no bairro de Santo Amaro, onde pelo menos um milhão de pessoas circulam por dia.

Aquela morena linda, de andar requebrado... Como um macho atraído por uma fêmea no cio, Ferreira avistou sua presa. Ao olhar novamente, para a cadência da morena, ele reconheceu Berenice. Já se passara muito tempo desde a última vez. Os cabelos diferentes, mas o mesmo gingar. Ele a seguiu e tocou no seu braço: - Berê, é você?!

Ela, em um primeiro momento, tentou se proteger, mas logo reconheceu o amigo. Um pouco mais barrigudo, claro, pois o tempo é implacável com todos, ou pelo menos com quase todos. Berenice, como um bom vinho, tinha ficado ainda mais bonita.

Ao reconhecer Ferreira, abriu um largo sorriso que o hipnotizou. Como num filme, vinham imagens em sua cabeça e ele se penitenciava por tê-la deixado sumir... - Como pude ser tão idiota, se perguntava, enquanto ela lhe contava sobre sua vida, e tudo o que aconteceu com ela nesses anos todos.

Ferreira resolveu então convidá-la para beber algo, por ali mesmo. Um chopinho para celebrar o reencontro. Ela, muito educadamente, declinou do convite. Mas, muito tranqüila disse a ele: anota aí meu telefone. Ferreira tentou uma vez mais, porém Berenice não se rendeu. E, com certa impaciência, lhe perguntou: vai ou não anotar?

Ele, embasbacado, resolveu então anotar. Pegou seu celular e começou a apertar os números que ela lhe ditava. Os dois se despediram e partiram para lados opostos. Ferreira foi para a parada de seu ônibus, não sem antes atropelar alguns transeuntes, pois andava olhando mais para trás do que para frente. Berenice seguiu seu rumo, determinada, confiante e até mais rebolante, sumindo na multidão.

Ferreira entrou então no ônibus. Estava tão inebriado com a situação que nem percebera o temporal que caía. As gotas escorrendo na janela do ônibus transformavam-se em imagens de Berenice. O cara caiu de paixão ou, como dizem, arriou dos quatro pneus.

Saiu do ônibus e nem se importou com a chuva, que, apesar de fria, não era suficiente para apagar aquele fogo que o consumia. Ao chegar em casa, tirou a roupa molhada e continuou pensando em Berenice. Dormiu no sofá, sem se dar conta... Sonhou a noite inteira com ela. No dia seguinte, acordou com dores no corpo. Estava gripado.

Resolveu então que não poderia propor nada para ela naquele final de semana, pois estava realmente incapacitado. Passou o final de semana cuidando do corpo, porque sua alma estava mais saudável do que nunca.

Na segunda-feira, logo pela manhã, resolveu mandar-lhe um torpedinho: “bom dia morena linda, como foi seu final de semana, o meu foi péssimo, estou com gripe, to com saudade, kero fazer amor com vc. bjs”.

Do outro lado, a resposta: “oi, você me mandou um SMS por engano”. Ao receber a resposta, que demorara algumas horas, ele pensou: - a morena continua linha dura... está fazendo doce.

E, mais animado ainda pelo possível jogo de sedução que começava a rolar, mandou outro: “boa tarde minha morena linda, não tem nada por engano, saudades, kero fzr amor com vc. bjs ferreira”.

Deste segundo torpedo, não recebeu nenhuma resposta. Como a primeira resposta demorou muito a chegar, resolveu então ser mais incisivo e partir direto para o ataque. Ferreira gostava de um charme, mas nem tanto. Decidiu telefonar:

- Oi morena linda. Tudo bem?

- Oi, aqui não é a sua morena.

- Ah, Berê, para com isso...

- Não sou quem você está pensando.

- Todos nós mudamos.

- Não, estou falando sério. Já até te mandei um torpedo para avisar.

- Mas... quem tá falando então?

- Não importa, não sou a Berê.

- Pô, é sério? (silêncio).

O tom de voz muda. E ele continua:

- Meu Deus, é sério... cê até mandou um torpedo pra me avisar, mas eu não acreditei...

- É, tentei...

- Achei que você, quer dizer, a Berê, estivesse fazendo doce.

- Desculpa te decepcionar.

- Pô, fazia um tempão que a gente não se via... eu mandei o torpedo... ai, o torpedo...

Sua voz era um misto de decepção, por ter anotado errado o número, e de vergonha, por ter sido tão direto. Imaginou mil cenas. Insistia em saber o nome da interlocutora. Pediu desculpas mais uma vez e, resignado, desligou o telefone.

Se o final de semana tinha sido péssimo, o começo da semana seria de matar... O que era sorte transformou-se em azar.


[E essa história da Dri me lembrou uma história que já publiquei aqui. Aconteceu com a Ester, em outros carnavais.]

 

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sobre a autosabotagem

E então que a pessoa chega em casa e tem que terminar um trabalho enorme para a próxima semana.
O trabalho ainda está em fase embrionária.
Até a próxima sexta, a pessoa ainda tem que passar por três reuniões complexas e uma viagem de dois dias, em que fará uma apresentação que ela nem começou a preparar.
Além de trabalhar em dois lugares.
Ainda é cedo, o que faz a pessoa comemorar a possibilidade de tomar um banho relaxante e encarar o second round. Ou third round, in the case.
Ótimo.
A pessoa liga o computador e resolve aproveitar que vai ficar trabalhando nele para gravar no iTunes os CDs inéditos do Itamar que vieram na Caixa Preta.
...
...
Saldo: duas horas e meia em frente ao computador arrumando músicas, buscando as capas dos álbuns e dando uma organizada básica na trilha sonora da vida... e um parágrafo do texto do trabalho.
E a pessoa até se esqueceu de comer.
...
...
Pausa para o jantar.
E para a constatação do saldo das últimas horas "trabalhadas".
...
...
Inconformada com a situação e decidida a tornar positivo o saldo da noite de trabalho, a pessoa volta à frente do computador.
...
Abre o seu blog e resolve dividir com o mundo sua autosabotagem.



Por que raios eu faço isso comigo mesma?!?!

domingo, 22 de agosto de 2010

Sobre escovas de dentes

Logo no começo do meu namoro com o Gui, eu estava escovando os dentes em casa quando ele olha pra minha escova de dentes e comenta que aquela escova não era nada anatômica e que eu deveria comprar outro tipo de escova de dentes, muito melhor.
Eu acatei a sugestão e disse que compraria outra escova assim que aquela gastasse e que a outra que eu tinha guardada (sempre compro aqueles pacotinhos de 3, sabem?) também gastasse.
Pouco tempo depois, o Gui me aparece com a escova de dentes anatômica de presente, sugerindo que aquela que estava lá guardada no armário poderia ficar sendo a escova dele.
Foi o golpe da escova de dentes!
E lá ficou, no pote de escova de dentes, a minha escova anatômica, ao lado da escova dele.
Desde aquele dia, nossas escovas de dentes passaram a dividir o pote. Ou melhor, duas escovas de dentes para cada um e dois potes; um na minha casa e outro na dele.
Um ano se passou e então decidimos que queríamos mesmo, além de juntar as escovas de dentes no mesmo pote, juntar os potes de escovas de dentes.
E isso faz uns dois meses.
Aí, na semana passada, o Gui me aparece escovando os dentes com uma escova cor de rosa. Estranhei. Não porque ele estava usando uma escova cor de rosa, afinal ele não tem nada desse lance machista de "homem não usa rosa" e isso eu adoro; mas estranhei porque tinha a impressão de que a escova era minha, daquelas da embalagem de 3 que eu sempre compro.
Ao perguntar se aquela escova não era minha, a resposta: "Amor, não tem meu e seu; aqui em casa, é tudo nosso".
"Ops!". Acho que depois de dois meses caiu a ficha do que é ter uma casa em que tudo é nosso.
Pequeno momento de pânico.
...
Mas depois lembrei de que minha biblioteca de livros de sociologia ganhou um enorme aporte, que agora tenho muitos e muitos discos de vinil à disposição para eu ouvir na hora em que quiser, que a geladeira sempre anda cheia de coisas que ele cozinhou, enfim, várias coisas.
Aí, fiquei contente de saber que tudo é nosso.
Contente de saber que a casa é nossa.
E fiquei tranquila ao constatar que dividir as coisas é a parte mais simples de dividir a vida.
E que é uma delícia dividir a vida com ele.
Delícia!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sobre o pão nosso de cada dia

Então que sábado era dia dos namorados e eu e o Gui não só não comemoramos o dia dos namorados como temos horror à data. E tanto que, ao nos lembrarmos do tal dia, decidimos que era um ótimo dia para ficar em casa.
Assim, nos permitimos um cineminha de fim de tarde, voltando caminhando pela Paulista e uma passada estratégica no supermercado para garantir um jantar em casa, a fim de evitar qualquer tentativa de se alimentar (e se estressar absurdos) em restaurantes na fatídica data.
Ok, até então os planos estavam indo super bem.
Mas com o friozinho, achamos que o jantarzinho ideal seria fazermos uma fondue.
Nós e todas as pessoas de São Paulo que decidiram evitar os restaurantes no dia dos namorados... foi o que descobrimos.
Vão vendo.

Ok, passadinha no Pão de Açúcar, encontramos quase tudo o que precisávamos para nossa fondue. Até mesmo estopa que não tínhamos em casa (alguém compra estopa???? Pois até mesmo estopa compramos no supermercado). Só não encontramos um certo item essencial a uma fondue de queijo à brasileira: o pão italiano.
E ainda que o Gui tenha se desanimado um pouquinho diante da ausência, eu fui super incentivadora "Amor, a gente passa na padaria, vai...".
Ok. Saímos do supermercado e fomos à padaria. Não tinha pão italiano.
Teria novamente às duas da manhã. Ok, obrigada, estávamos pensando em jantar um pouco antes disso.
Seguimos.
Mais uma padaria no caminho. Sem pão italiano.
Ok. Vamos até aquela lá, do outro lado, Gui?
Vamos. Mas vamos deixar as compras em casa e pegar o carro, vai.
Imagina, é aqui do lado...
Mas e se não tiver lá também???
Ok, compras em casa e carro.
Próxima padaria: fechada.
Vixe, que joça. Ainda bem que pegamos o carro, né?
Na Gêmel!, vamos na Gêmel, lá vai ter!
Gêmel, fechada.
Cacete, será que é impossível comprar pão italiano por aqui???
Galeria dos Pães?
Nem a pau, tá longe.
Vamos na St. Etienne! Ótima ideia.
Opa, para aqui nesta padaria que está aberta.
Moço, tem pão italiano?
E o português? E uma baguetinha?
Ok, volta desolada para o carro.
Na St. Etienne vai ter, certeza.
Tem? Não. Baguette? Não. Português? Tem um.
Ok, um, assim será.
Mas não vamos nos dar por vencidos assim tão fácil.
Tem o Pão de Açúcar da Brigadeiro!
Ok. Tem? Não, nadinha de pão nenhum. Moça, agora só amanhã.

Aí, eu já estava um pouco desolada, né?
Mas pelo menos tinha algo que me consolava que era o fato de termos comprado linguiça. É, sim, linguiça. Porque eu convenci o Gui que fondue de queijo ficava ótima com linguiça (quer dizer, não convenci, mas comprei mesmo assim. E ele já estava era feliz porque tínhamos linguiça àquela altura do championship).
Mas o Gui ainda dá mais uma sugestão. O Extra Brigadeiro.
Ah, Gui, será? Aquele lugar é péssimo.
Mas ele me convence com um argumento de gostos de classes sociais distintas e da possibilidade de ter restado pão italiano num supermercado popular como o Extra.
Ok, a caminho do Extra, ligo para a minha mãe para consultar sobre a fondue de chocolate. Meu pai atende e eu conto pra ele que estávamos à caça de pão italiano. E ele morre de rir do outro lado da linha. Ele já tinha passado pelo mesmo problema naquele dia. Ficou com a incumbência de comprar pão italiano para o queijos e frios dele e da minha mãe no dia dos namorados (o horror à data é de família, gente) e tinha fracassado na empreitada de comprar pão italiano na Lapa.
Ok.
Minha mãe na linha.
"Mãe, não existe pão italiano no nosso bairro!!".
"Filha, não vem pra Lapa que aqui também não tem".
Ok, Extra e mãe ao telefone.
"Mãe, a padaria está cheia, há uma esperança".
Mas nada de pão italiano por ali.
"Ok, mãe, nada. Vou desligar pra perguntar pro padeiro" (que tava lá dentro fazendo pão).
"Desligar nada, quero saber se você vai conseguir".
"Moço, tem pão italiano?"
"Ih, moça, só amanhã."
Gargalhadas do outro lado da linha.
...mãe sádica...
Procuro português, nada. Baguette, nada.
"Mãe, cacete, e agora? Vou fazer fondue com pão de forma e linguiça???" (ainda bem que tinha linguiça).
Vejo uma solitária ciabatta. "Mãe, você acha que funciona com ciabatta?"
"Isso filha, fantástico. Vai nos congelados e compra ciabatta e baguette (aliás, os franceses comem fondue com baguette, não?), vai ficar ótimo" (minha mãe e a arte da improvisação no quesito gastronomia).

E assim foi o dia dos namorados para mim e pro Gui.
Peregrinação por supermercados e padarias e fondue com um único pão português e ciabatta e baguette (des)congeladas.
Mas a verdade é que ficou bem uma delícia nossa fondue de queijo com linguiça e pães alternativos.
E verdade também que a gente se divertiu horrores com a situação.

E nessas horas que você tem certeza que bom humor é super essencial entre namorados, né não?

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Sobre uma brasileira na Alemanha

Faz quase uma semana que estou trabalhando na Alemanha e, nesse tempo, histórias não me faltam. Mas parei mesmo pra escrever sobre um caso específico, no dia em cheguei aqui.

Cheguei em Berlim na sexta à tarde, depois de ter conseguido me virar absurdamente bem no mega aeroporto de Frankfurt e achar meu voo para cá.
E minha auto-confiança era tamanha naquele momento que apesar de não lembrar de nada sobre Berlim e tampouco entender uma palavra em alemão, eu achei que me viraria bem chegando aqui by myself.
Assim sendo, caí no aeroporto de Tegel que, de tão ridículo, está mais para uma rodoviária. Assim que cheguei lá, me lembrei disso.
No aeroporto, fiquei às voltas com meu pensamento (estúpido!) sobre meu espírito de aventura e de parcimoniosa, considerando que eu deveria economizar os 20 euros do táxi e ir de ônibus pro hotel. Afinal de contas, são 20 euros que eu posso aproveitar melhor do que gastar no táxi e, afinal de contas de novo, eu já mochilei algumas vezes na vida e sei que chegar em uma cidade europeia é super simples.
Vão vendo.

Aí, não achava a saída do ônibus por nada e os táxis eram tão abundantes que me convenci pela facilidade do táxi. Mas algo ainda me dizia sobre meu lance de mochileira e um pensamento “ora, Marina, você já foi pra tantos lugares, e sozinha tantas vezes, você vai se dar bem de novo em Berlim”.
Aí, nessa minha disputa interna, eu caio na frente do ponto de ônibus. E justamente do ônibus 109 que, segundo o Lonely Planet, que até então eu não tinha (porque eu resolvi não comprar guia e pegar o da Ester emprestado e o guia dela é aquele guia ilustrado com as fotos dos lugares, e por que raios alguém vai querer um guia com imagens dos pontos turísticos se vai até lá ver tudo in loco??!?! Eu quero um guia com indicações precisas e mapas e recomendações. God bless Lonely Planet Guides!!!), mas que eu tinha consultado no aeroporto de Frankfurt (e decorado), era o ônibus que me levaria até o meu hotel.
E como dei de cara com o ônibus, achei que era um inconfundível sinal de que eu deveria encará-lo. E lá fui eu.
Comprei bilhete na maquininha, 2,10 euros (grande conquista!!!) e embarquei.

Entrando no ônibus, munida do meu papelzinho em que constava o nome do meu hotel e o endereço, perguntei (em inglês) ao motorista como faria pra chegar ali. E ele me respondeu prontamente, em alemão, algo que eu entendi lhufas, mas, pela indicação de sua cabeça, me fez supor que estar naquele ônibus era o caminho certo.
Ok, lá vou eu.

Quando estava no ônibus, me deu um certo desespero em não ter um mapa na mão, sem ter entendido o que o motorista tinha dito e sem compreender nada das estações que eram anunciadas. Mas ainda super confiante, perguntei a um casal de brasileiros que identifiquei no ônibus e cuja moça me parecia viver ali. Mostrei meu papelzinho de novo, quando já estava certa de estar na rua certa, e a moça me confirmou “é aqui, pode descer e procurar pelo número”.
Ok!!! Felicidade total.

Desci.
E procurei pelo número.
Como o sistema numérico da rua era completamente incompreensível pra mim, apelei pra ajuda (bom é que não tenho vergonha de pedir ajuda, mesmo sabendo que os alemães são zero solícitos). Um casal parou, viu meu papelzinho, fez cara de desentendido e chamou outro cara pra ajudar. Esse cara ajudou. Ele tentou me explicar que a numeração de ruas em Berlim sobe para um lado e desce para o outro e que isso faz algum sentido (não sei onde, porque na minha cabeça não faz). Mas, ok, ele viu meu papelzinho, pensou um pouco e apelou para seu iphone para ver a numeração (claro que eu já tinha apelado para o meu, mas não tive sucesso). Ele foi conclusivo: Você deve ir pra esquerda. Mas está super longe, pegue um ônibus.
Puta merda! Sério? Outro ônibus? No way. Vou pegar um táxi. Thanks a lot.

Tentei pegar um táxi. Mas o taxista que estava ali perto parado não podia me levar porque estava esperando alguém. Pedi ajuda, de qualquer forma, e mostrei meu papelzinho (estão vendo que é a quarta pessoa que vê meu papelzinho????). Ele também foi conclusivo: o caminho está certo. É para a esquerda. Deve estar longe um quilometro daqui, mas se você quiser ir andando, dá.
Era tudo o que eu queria saber! Vou andando então!!!!

E andei.
E andei.
E andei.
Porque estava lá pelo número 59 e, em São Paulo, isso significa que você deve andar uns 60 metros para chegar ao 114. Certo? E se são 50 metros em São Paulo e um quilometro em Berlim, não deve ser a pior coisa do mundo. Certo?
Pois sim, eu também achei certo. Mas vão vendo.

Eu já mencionei que carregava minha bolsa, minha mochila e mais uma mala de rodinha que pesava uns 23 quilos?
Afinal de contas, estou aqui para trabalhar. Faz frio. Sou uma lady. Não posso amassar minhas roupas. Não vou jogar tudo no meu mochilão, né? Muito fina!
Então, que eu carregava uma mala de rodinhas de tamanho médio que tive que pedir emprestada da minha mãe, porque eu só tenho mochilão ou malas de rodinha pequeninas para viagens curtas.
Então, eu vou lá andando meu quilometro pra chegar ao hotel. Eu, a bolsa, a mochila, a mala e o casaco, óbvio.

E ando uma quadra enorme inteira e olho o número: 62. “Não é possível, mas o passeio é bacana, olha quantas lojas bonitas”.
Mais uma quadra enorme, 65-67. “Não posso acreditar que isso vai assim tão devagar. Que frio do caralho. Mas vou aproveitar para escolher um lugar pra jantar”.
Outras e outras quadras, 73-74. “Aqui só tem loja cara, bem que minha mãe disse que essa rua era bem localizada, mas não vou achar lugar pra jantar aqui”.
Mais uma, 75-76. “Calma, Marina, já está chegando e logo você estará feliz no quentinho de seu quarto de hotel”.
Mais umas tantas quadras, 77-79, “O povo cadeirante de Berlim deve ser feliz porque eles podem se locomover sem percalços pelas ruas da cidade. Teste empírico, eu e minha mala”.
Mais quadras, 82-84. “Coitada da minha mãe, me emprestou uma mala novinha e eu vou devolver uma mala com rodinhas que parecem ter anos de uso, afinal as rodinhas da mala servem para deslocamentos em pequenas distâncias e estou aqui andando quilômetros arrastando esse troço”.
Outras quadras mais, 88-90. “Isso vai ter que ir pro blog, olha que ridícula situação, tudo isso pra economizar uns euros.”
Mais algumas quadras, 93-99. “Incrível!!! Agora vai rápido. Na próxima eu chego”.
Na próxima, 100, “Nãããããão acredito! Uma quadra inteira só para o número 100?!?!”.
E mais algumas tantas, 113-115, “Enfim!!!! O hotel é no 114-116. Atenção!!! 113... 114... 115, ué? Não era 114? Ok, vamos apostar no 116. Cadê o 116??? Vou atravessar a rua. Ué? 117? Cadê o 116??? E isso aqui é um banco. Vou voltar uma quadra. Ok, 113 de novo. Caracas, não faz sentido. Cadê meu papelzinho??? Hum... Kurfürstenstr. Na placa... Kurfürstendamm. Não, não é possível que eu fiz isso? Será que estou na rua errada?!?! Nãooooo.”
“Excuse me, sir, do you speak English?”
“Nein.”
“Ai, caralho, eu vou chorar. Ok, um jovem, ele fala inglês, certeza”.
“Excuse me, would you help me? I’m wondering if I am at the right street…” Papelzinho pra ele. “Oh, no. You’re looking for Kurfürstenstrassen and this is Kurfürstendamm”. “You’re kidding? Serious??? And is it close?” “Actually, no, you should take a bus.”
Quase chorando “A bus??? Ok, I’m gonna take a cab”. E peguei um taxi, que enfim me deixou na porta do meu hotel. Por 12 euros.

Saldo da minha auto-confiança e espírito de aventura: 2,10 euros pelo ônibus. 1 hora caminhando. 12 euros pelo táxi. E uma sensação incrível de ser uma analfabeta em alemão. E ainda tive que ouvir o motorista do táxi rindo de mim. E vocês já viram alemães rindo? Sádicos.


[Eu queria muitos escrever sobre os alemães e sobre como são as coisas por aqui. Mas o João Ubaldo Ribeiro já me vingou. Eu peguei emprestado da Ester “Um brasileiro em Berlim” para ler aqui. E eu tenho chorado de rir com ele. Se vocês quiserem entender melhor o que tenho passado, é só ler o livro.]

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Sobre os astros

Todo ano é assim: vai chegando maio e eu vou entrando numa fase super infernal.
Mil coisas dando errado ao mesmo tempo, sabem comé?
Pois então, sempre assim.

E eu demoro pra me dar conta de qual é o problema até que tenho o momento-descoberta:
É o inferno astral.
E ele sempre vem.
Mas o bom é que ele também sempre vai.
 
No aguardo, câmbio.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Sobre o muito astral (ou mais sobre o bloquinho Saia de Chita)

Mais fotos, na realidade.
Créditos: Rafaela

Uma parte dos ritimistas

Mais ritimistas

A nossa liderança

Vai bateeriiiiiiiiiaaaaaaaaaa!!!!!

Os agregados cariocas

Vista aérea

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Sobre pouco preparo e muito astral

Foi assim o bloquinho no Carnaval: pouquíssimo preparo e muito astral.


Saia de Chita (ou não saia) invadiu Santa Teresa mais uma vez no domingo de carnaval.
Segundo os jornalistas, 300 pessoas agregaram o bloco que contava com uma super bateria de... 5 instrumentos. Isso mesmo!!! 5!!! Ou seriam 6?
Eu toquei os caxixis. E o Valmir ajudou com um deles.
O Cotô na alfaia fez as vezes de surdo de primeira e de surdo de segunda e de surdo de terceira e de alfaia mesmo.
O Guiba segurou o samba na caixa.
O Marquinhos, no tamborim.
O Capiau ficou brincando com o pandeiro.
E o Gui Varella melodiando com o cavaco.
Também contamos com os agregados cariocas que fomos encontrando no caminho.
Alguns ajudaram e outros só atravessaram o samba mesmo.

Foi assim. Simples assim em termos de percussão.
Mas o que valeu mesmo foi a alegria da galera, cantando alto todas as marchinhas, sambas e outras invencionices que inventamos de puxar.
E as meninas da comissão de frente que foram um show à parte.

Pontos altíssimos do bloco:

No meio do bloco, a gente ainda inventou o hit do carnaval carioca. Cantar uma parte de "Máscara Negra" do Zé Keti abaixado.
Isso foi só a minha tentativa de pedir pra galera bater mais leve. Eu tentei pedir pro povo tocar mais baixo, assim baixinho, e tentando fazer mímica pra explicar isso pros ritimistas, eles iam me olhando e abaixando, abaixando e o bloco inteiro abaixou, antes de explodir gritando no "vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval".
Virou hit na hora. E a marca do bloquinho.

E o bonde!
O bonde chegou pra atravessar a galera. A gente até tentou dar passagem, mas a quantidade de pessoas por ali fugia totalmente a nosso controle. A galera do bonde já estava até sambando junto com a gente ali de cima.
Aí, o maquinista olhou, pensou, sambou, tentou, desistiu, deu ré e parou o bonde lá atrás. Fez todo mundo descer e ficou esperando nosso bloco passar pra continuar a viagem.
Foi cômico!

E a gente ficou mesmo comentando depois como dá certo quando a gente se junta com esse astral todo.
Antes de chegarmos lá, o Guiba estava todo preocupado porque a gente não tinha ensaiado nem meio minuto juntos e estávamos inventando de puxar o som de um bloco no meio do carnaval. E eu dizia "confia, você vai ver, vai dar certo. Sempre dá!".
E óbvio que deu, né?
Eu e o Gui Varella comentávamos ao final "tá vendo como dá certo? É só juntar todo esse astral que o negócio acontece. Com essa galera, não tinha mesmo como dar errado."

Pro ano que vem, a gente promete ensaiar, ou melhor..., a gente promete fazer um ensaio aberto, desfilando pelas ruas da Tucuna no pré-carnaval.
Será???

E pra quem não foi e quer saber como foi e pra quem foi e quer lembrar como foi, seguem umas fotinhos:

(tentei achar umas fotos que não identificassem ninguém, massss não deu. Então se sua imagem está aqui e você não quer que ela esteja, me escreva que eu tiro a foto na mesma hora, tá?)





Créditos das fotos: Bruno Lupion.
Outros créditos importantes: Sertão e Pocai no apoio.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Sobre o carnaval 2010

Carnaval é no Rio, como sempre.
E esse bloco é imperdível:

Vejo vocês lá?

No myspace do Gui Varella tem o convite auricular (!!!) e a música do bloco, em versão para o Julio Iglezias.
Imperdível!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Sobre as crianças e os diálogos

Eu tenho uma relação incrível com as crianças. Adoro!

Se elas são pequeninas, eu brinco com elas horrores, até me acabar e sair descabelada, suja e exausta, como os sobrinhos do Gui bem podem provar.
E se elas já são mais grandinhas, além de brincar, eu engato nos papos mais incríveis, como esses que vou narrar agora.

Passamos férias em Pernambuco e uma de nossas paradas foi Tamandaré, que fica ao lado da paradisíaca Praia de Carneiros e que é, vamos dizer, um paraíso assim mais popular.
E na piscina da pousada, em que eu me jogava à noite na volta da praia enquanto esperava o Gui tomar banho no quarto, eu conheci umas meninas en-gra-ça-dís-si-mas.
E a gente jogava bola e conversava e conversava e conversava tanto que eu até esquecia que tinha que tomar banho e o Gui quase tinha que ir lá me resgatar.
Eram a Rebeca, com seus 12 anos, a Larissa, com 11, a Emily, com 6, e outras meninas que não são tão protagonistas da história. E elas gostavam tanto de mim que toda vez que eu as via (e elas sempre, sempre, estavam na piscina), elas soltavam um “Mariiina, tu num vem banhar, não???”, no sotaque mais delicioso do mundo.
Pois bem.

Eu, chegando da praia
Larisa: “Mariiiiina, tu não vai banhar, não?”
Marina: “Vou, sim, tô subindo pra isso.”
Larissa: “Não, banhar aqui com a gente”
Aí, eu fui.

Outro:


Larissa: “Mariiiina, o que Guilherme faz?”
eu: “é professor”
Larissa: “professor de quê?”
eu: “de Economia”
Emily: “e o que é isso?”
Larissa: “ele ensina as pessoas a economizar, essas coisas...”
E eu me acabei de rir e depois ainda fiquei tentando formular uma resposta para explicar o que é Economia.

Mais um, enquanto eles jogavam vôlei na piscina e a Larissa (que a gente apelidou de Felícia, por ser assim um tanto sem noção), jogava e esperava uma levantada qualquer para cortar a bola com toda a força, na nossa cara...:

Larissa: “Guilhééérme, tu acha que eu jogo bem?”
Gui: “Acho. Acho que você deve investir nisso”
Larissa: “Então, tá bom. Pode jogar que eu vou cortar”
E aí, ela nem se esforçava para jogar mais, era só a bola chegar nela que ela cortava com tudo.

E outro mais:


Elas comentaram algo sobre a novela e eu não entendi.
Larissa: “você não vê a novela X, não?”
eu: “não, nunca vi”
Larissa: “e a novela Y, vê?”
eu: “também nunca vi”
Larissa: “você não vê novela nenhuma, é?”
eu: “eu não. Eu não vejo TV”
Larissa: “não tem TV em São Paulo, é?!?!?!”
eu: “tem TV, eu tenho TV, mas não vejo”
Larissa: “não vê TV... mas o que você faz???”
eu: “ah, outras coisas, leio livro, uso o computador...”
Larissa, super intrigada, dá uma olhada pro lado, uma pensada: “tem TV só pra Guilherme, é?”
E eu morro de rir.


E sobre São Paulo:

Larissa: “meu sonho é ir pra São Paulo pra ir na Globo”
eu: “aonde?”
Larissa: “na Globo, sabe nos estúdios das novelas? Você conhece a Globo?”
eu: “conheço”
Larissa: “já entrou lá, é?”
eu: “ah, não. Só passei em frente”
Larissa: “meu sonho é ir lá. É tão liiiindo...”
eu: “mas tem tanta coisa legal pra fazer em São Paulo... Coisas mais legais do que a Globo, tipo museu, teatro, cinema, parques...”
Larissa, pensativa: “é. Tudo isso também, mas eu quero ir na Globo”


E no dia do show da Ivete Sangalo (esse dia merece um post à parte, que um dia eu publico aqui; por enquanto, fica o diálogo):

A gente desce do quarto, depois de termos fingido que não as ouvimos batendo na nossa porta.
Rebeca: “Vocês não vão no show de Ivete, não?”
eu e Gui, como uma cara de eca: “não, a gente não gosta da Ivete”
Rebeca: “não gostam de Ivete?!?! Ela tá tãããão linda, de vermelho... Vocês não tavam vendo lá do quarto de vocês, não?”
(não dava pra ver, mas era como se a Ivete estivesse cantando aos berros dentro do nosso banheiro)
eu e Gui: “Não, não dá pra ver de lá”
Rebeca: “daqui dá pra ver, é só subir ali naquelas cadeiras”
eu e Gui: “mas a gente vai sair pra comer”
Rebeca: “dá pra ver tudo daqui, a gente viu uma mulher que desmaiou”
Larissa: “É, a gordinha diiirrrrmaiou quando viu Ivete (e imitou a gordinha saindo carregada)
E eu e o Gui caímos na gargalhada.

E da nossa amizade surgida na piscina, a gente virou uma referência de mundo adulto e de São Paulo para elas. Massss, um pouco fora do padrão, né?
E o Gui passou o resto da viagem rindo dessas histórias e dizendo que a gente abalou todos os paradigmas dessas meninas.
Coitadas...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Sobre o ano que passou

2009 foi um ano e tanto.

Começou com a explosão dos fogos, que eu narrei aqui, e desde aquele momento, eu e a Ester tínhamos dito que 2009 teria o lema “de tédio não”, sinalizando que, em 2009, de tédio, a gente não morreria.
E, de fato, o ano não foi nada entediante. Nada, nada.
Foi mesmo uma loucura!

Começou explodindo. E eu voltei do réveillon com mil angústias para resolver por aqui. Tudo meio de ponta cabeça.
E logo, as mudanças.
E as grandes mudanças quase me deixaram doida. De ponta cabeça.
Mas mudar é bom e depois que se muda, a sensação é de um mundo novo que se abre.
E foi se abrindo.
E eu fui aprendendo.

E, aos poucos, fui resolvendo as coisas que precisavam ser resolvidas, não todas ao mesmo tempo, mas cada uma a seu tempo.


E no meio do ano, virou tudo de ponta cabeça de novo com as notícias que chegaram. Com quem chegou por aqui. E com as decisões.
Aí, algumas se resolveram. Outras ficaram por resolver.
E ficam as dores do que não se resolveu.

E aí, trabalho, trabalho, trabalho, e quando eu vi já tinha trânsito na Paulista para ver luzes de natal.
E eu me dei conta de que o ano passou e um milhão de coisas aconteceram e que o tempo passou rápido demais e que eu precisaria de pelo menos mais um mês para conseguir fechar tudo que precisava ser fechado.
Mas eu não tinha mais um mês em 2009...
E no fim do ano, quando está tudo corrido, insano, vem mais uma notícia pra deixar tudo de ponta cabeça. De novo.

Enfim.
2009 foi um ano muito intenso.
De muitas viagens.
De muita responsabilidade.
De muitas confusões.
De muito aprendizado.
De muito, muito trabalho.

E de 2009, eu levo muita coisa boa e duas tristezas.
E o desejo de resolvê-las em 2010.

E 2010 começa com muito trabalho, algumas pendências, mil planos e o ânimo do começo do ano, que já faz toda a diferença.

Conversando com a Ester no fim do ano passado, ela disse que para 2010 o lema tem que ser “eu quero a sorte de um amor tranquilo”. E eu comprei a ideia-força do lema.
E assim vai ser 2010.
O ano do amor tranquilo.
Ou pelo menos é assim que eu quero que seja...

Bom, até agora, estou no caminho certo porque foi assim que começou.
Com o pé no mar, deixando ir 2009 e chegar 2010, com as ondas que vão e vêm.
Tranquilamente, de mãos dadas em Pernambuco.

Feliz ano novo!