sábado, 16 de maio de 2009

Sobre segurança pública

[só pra ninguém dizer que este blog não é sério...]

Semana passada, eu passei alguns dias trabalhando no Rio.
Na sexta, passei o dia no Complexo da Maré, um emaranhado de 14 favelas reunidas na zona sul do Rio, bem ali grudadinho na Avenida Brasil, com mais de 200 mil habitantes e cujo controle está dividido por 3 facções criminosas e mais uma milícia.
Quando saímos para andar pela Maré, caminhando pelas ruas estreitas, planas, numa lógica caótica que reúne um amontoado de lojas e barracas vendendo de tudo e casas empilhadas, sem pintura e sem beleza, me senti um tanto ameaçada.
Mas não foi pelo crime organizado que me senti ameaçada. Foi pela polícia.
Virando uma esquina, demos de cara com o Caveirão da PM do Rio.
Vocês já viram o Caveirão ao vivo?
É uma das coisas mais assustadoras que já vi na minha vida.
Sem brincadeira.

Imaginem um tanque de guerra. É assustador, não?
Agora imaginem esse tanque todo preto. Piorou, né?
E em vez de ser arredondado, o tanque tem formas retas. Não é aterrorizante?
E para completar ele ainda tem umas várias microjanelinhas com buracos embaixo por onde fica mirando o fuzil do policial que está ali dentro.
Parece aqueles carros de desenhos que se transformam em gigantescos robôs matadores, sabem?
Um completo horror.
Mesmo!



E avançado mais um pouco para dentro da Maré, a polícia civil está fazendo uma operação para caçar máquinas caça-níqueis. Policiais fechando a rua e o trânsito com vários carros atravessados e com enormes fuzis que eles levam pendurados no ombro tão displicentemente, como se fossem raquetes de tênis.

Não fiquei na Maré durante a noite, mas o que contam é que, quando anoitece, quem anda com fuzil pendurado no ombro não é mais a polícia, mas a molecada do crime.

Para mim, é muito óbvio que se isso é o modelo de repressão que estamos acostumados a ter, existe um erro absurdo na concepção de segurança que se tem. Isso porque tanques de guerra servem para inimigos. É coisa de exército em guerras internacionais.
Polícia, pelo contrário, deve proteger o cidadão e a cidadã.

Há anos, o Rio adota essa estratégia de repressão. E há anos já se percebeu que não funciona.

Ninguém aqui está defendendo o crime organizado ou sendo contra a polícia, mas é preciso entender que a forma de repressão corrente não é eficaz.
Estratégias eficazes de repressão ao crime passam por investigação e esclarecimento de crimes, sistema de justiça e sistema penal eficientes, confiança da população nas forças policias, enfim, tudo o que não está acontecendo hoje em dia.

Admitir que a violência é um dos mais graves problemas do país hoje e pensar uma nova segurança pública para dar conta desse problema é mais do que urgente.

Para quem tiver interesse de formular sobre isso, a hora é super adequada.
Isso porque estamos num processo de realização da primeira Conferência Nacional de Segurança Pública (Conseg) no país. E todo mundo pode e deve participar.

A Conseg tem etapas municipais, estaduais, livres.
Eu estou envolvida com todas elas até o pescoço.

Então, fica o convite para quem quiser me acompanhar na empreitada:

Dia 28 de maio, quinta-feira, Conferência Livre de Segurança Pública na São Francisco. A partir das 9h00.

Dia 23 de maio, a partir das 8h00, mobilizações regionais na capital, nesses lugares:
Região Norte: Colégio Jardim São Paulo (Rua Leôncio de Magalhães, 382, Jardim São Paulo).
Região Sul: ESPM (Rua Doutor Álvaro Alvim, 123). Auditório Philip Kotler
Região Leste: UnicSul (Av. Dr. Ussiel Cirilo, 93 – São Miguel Paulista) Auditório Bloco D
Região Centro-Oeste: Universidade Mackenzie (Rua Piauí, 130, Consolação) Auditório da Escola Americana

Eu vou estar na Centro-Oeste.

A etapa municipal, propriamente dita, acontece dias 30 e 31 de maio, na FMU Liberdade.
Ainda não foram abertas as inscrições para acompanhar a etapa. Assim que abrir, eu aviso.

A etapa estadual (segunda quinzena de julho) é precedida de várias regionais em todo o estado. A metropolitana ainda não está marcada. Assim que tiver data, eu informo. Mas para quem está em outras cidades do estado, o calendário pode ser visto aqui: www.ssp.sp.gov.br/ConferenciaSP
É isso, para quem defende o processo democrático e participativo de formulação de políticas públicas, participar das etapas da Conseg é fundamental para ajudar a formular a segurança pública.
Mais informações sobre tudo da Conseg: http://www.conseg.gov.br/

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