sexta-feira, 20 de março de 2009

Sobre o analfabeto secundário

Email do Du:

Meus caros,

O verbete abaixo foi retirado da página 43 do livro “Dicionário Crítico de Política Cultural”, do professor Teixeira Coelho, da ECA/USP.
Qualquer identificação entre o analfabeto secundário tal como por ele descrito e boa parte das pessoas desse Brasil brasileiro é apenas imaginação de vocês.
Esse analfabeto secundário deve ser coisa da Suécia, da Noruega (ou da Islândia, pensando bem...).

Beijos e abraços
Duza


Analfabeto secundário “Indivíduo alfabetizado, com um grau de informação que pode variar do mais baixo ao mais especializado, capaz de decodificar informação visual e de servir-se de terminais eletrônicas, familiarizado, em suma, com as condições de existência num grande centro urbano contemporâneo, mas desprovido de uma visão cultural mais ampla de sua própria vida e do contexto social. É o produto de uma economia que não tem mais problemas de produção e sim de vendas, que não mais necessita de reservas de mão-de-obra pouco ou nada qualificadas e analfabetas, mas de consumidores qualificados a movimentar-se pela parafernália contemporânea. Caracteriza-se o analfabeto secundário por ter sua atenção desviada por trivialidades (os pseudo-eventos criados pela televisão, como as novelas, competições esportivas, etc.), orientar-se por uma sucessão de entretenimentos vazios e receber informações políticas sob a forma de comunicação espetacularizada. Próprio dos períodos em que o povo se transforma em público (o grifo é do autor), o analfabeto secundário é contemporâneo de uma época cuja cultura perdeu quase todo traço distintivo e deixou de ser prioridade pública. O analfabeto secundário não se encontra apenas nas camadas mais desfavorecidas da população: longe disso, integra, também, em proporção amplamente majoritária, os quadros da elite econômica e política. Sua mídia ideal é a televisão (esse grifo é meu)”

E a minha resposta é que isso é coisa da Suécia, da Noruega, da Islândia e do Brasil também.

Um comentário:

  1. Má, esse dicionário do Teixeira Coelho é referência primária pra essa coisa culturete de estudar os fenômenos político-culturais. A tranformação do povo em público, a espetacularização e a eventualidade (transformação do processo cultural em eventos pontuais) é típico mesmo da perda de prirodade pública da cultura. Algumas coisas contribuem demais para isso: da TV à Lei Roaunet. E é bom atentar que o MinC está numa lógica de combate ao analfabeto secundário. E nesse momento, é hora mesmo de apoiar. Estão demais os textos, Má. beijos. Gui

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